Carnaval é a celebração da cultura negra, destaca pesquisador

O carnaval é um espaço de celebração, mas também de luta, identidade e resistência da cultura negra no Brasil. A importância dos blocos afro e das escolas de samba para a valorização da identidade afro-brasileira e no enfrentamento às desigualdades históricas são um dos pilares dessa festa popular.

Assim destacou o cientista social e diretor do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), Mário Rogério da Silva Bento, em entrevista à organização. “O Carnaval é um espaço de resistência das religiões de matriz africana, da cultura negra e das comunidades periféricas”, afirmou.

“Escolas de samba e blocos afro abordam temas fundamentais como a violência contra quilombolas, a luta LGBTQIAP+ e a liberdade de expressão. É um momento em que comunidades historicamente invisibilizadas expressam sua voz”, afirmou.

O representante da organização, que atua no fortalecimento da cultura negra, equidade racial e justiça social, lembra de exemplos do reconhecimento dessas expressões culturais no carnaval, como o bloco Ilê Aiyê, em Salvador, o bloco Ilu Obá de Min, formado por mulheres negras em São Paulo, e por escolas de samba como a Vai-Vai em São Paulo e escolas do Rio.

Mário Rogério da Silva Bento, cientista social e diretor do CEERT

“No Rio de Janeiro, no carnaval de 2025, a maioria dos enredos das escolas de samba trazem temas ligados às religiões afro-brasileiras. O samba nasce na cultura negra e é atravessado por essa história”, disse.

“Em Salvador, o Ilê Aiyê, por exemplo, surgiu como um contraponto aos blocos tradicionais que, historicamente, eram compostos majoritariamente por pessoas brancas. Em Salvador, uma cidade com quase 80% da população negra, muitos não tinham acesso aos blocos e ficavam de fora ou trabalhavam em condições precárias”, relembra o pesquisador.

Segundo Rogério, estas expressões e, principalmente, a representatividade de negros nas lideranças ou como protagonistas dos blocos e escolas de samba impacta “fundamentalmente” a juventude e crianças.

“Nos ensaios do Rio e de São Paulo, é emocionante ver a alegria das crianças ao presenciarem mestres-salas negros brilhando na avenida. Isso fortalece a autoestima e a identidade dessas crianças, mostrando que elas também podem ocupar espaços de destaque”, narrou.

Artigo Anterior

Uso de identidade falsa para dar golpes na web pode se tornar crime

Próximo Artigo

‘Do hospital, guerras parecem ainda mais absurdas’, diz papa em mensagem a fiéis no 16º dia de internamento

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!