O programa TVGGN da última sexta-feira (2) exibiu uma entrevista exclusiva do jornalista Luis Nassif com o renomado climatologista brasileiro Carlos Nobre, sobre mudanças climáticas.

Nobre iniciou sua contribuição alertando que já vivemos uma emergência climática nunca vista, tendo em vista que a temperatura atingiu 1,5 graus pela primeira vez na história recente da humanidade.

Tal acontecimento fez com que eventos extremos explodissem em todo o mundo, a exemplo de ondas de calor, chuvas excessivas, secas, incêndios florestais, rajadas de vento, para os quais a humanidade não está adaptada.

E, para reduzir as incidências, é necessário pôr em prática uma medida já conhecida: zerar as emissões de gases de efeito estufa. 

“O presidente Lula fez um discurso muito importante no discurso final do G20, no Rio de Janeiro em novembro. Ele falou que todos os países têm que zerar as emissões em 2040, no máximo 2045. Eu até acho que tem que ser 2040. Então, esse é um dos desafios de todos os países do Brasil, e o Brasil tem condições de liderar essa batalha contra a emergência climática, porque no nosso caso, historicamente, 70% das emissões não é queima de combustíveis fósseis, não é petróleo, carvão, gás natural, é o uso da terra: 50% dos desmatamentos, principalmente da Amazônia, do Cerrado, e 25% da agropecuária, principalmente a pecuária”, analisa o climatologista. 

Liderança global

O entrevistado afirmou que o Brasil tem planos de zerar o desmatamento de todos os biomas até 2030, o que reduziria as emissões de gases de efeito estufa pela metade. 

“Depois, rapidamente fazer a transição para a agricultura e pecuária regenerativa, para diminuir muito as emissões do setor da agropecuária, e também uma rápida transição energética para energias renováveis”, emenda.

Nobre afirma que o Brasil tem todas as condições de ser o primeiro país do mundo a zerar as emissões líquidas de gases até 2040. 

Mas ainda há outros desafios no combate aos eventos extremos gerados pelas mudanças climáticas, como a remoção de mais de quatro milhões de pessoas de áreas com grande risco de alagamentos e inundações. 

“O mais desafiador são as ondas de calor, que mais causam mortes em todo o mundo, principalmente de idosos e bebês, também de pessoas doentes. Temos dezenas de milhões de idosas e idosos no Brasil e bebês que vivem principalmente em populações pobres, que não têm ar-condicionado nas suas residências. Nós temos aí, talvez, no máximo, 22% das residências brasileiras com ar-condicionado”, emenda Nobre.

Como alternativas de baixo custo, o climatologista sugere diversas políticas, entre elas a transição para energias renováveis, especialmente a solar e a eólica. 

O entrevistado sugere ainda que a população pinte o telhado de branco, para ajudar a minimizar as altas temperaturas nas próprias residências, medida já adotada em cidades chinesas, japonesas, coreanas e europeias. 

Mercado de carbono

Nobre defende ainda a restauração florestal urbana e o mercado de carbono como forma de tentar reverter a tendência de alta da temperatura média global. 

“O mercado de carbono acaba sendo absolutamente necessário, porque tem muitos setores, como o setor do combustível fóssil, ainda que eu tenha falado que tem que acelerar muito a redução das emissões, mas nunca vai zerar”, conclui.

Confira a entrevista completa em:

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Last Update: 03/05/2025