
O ex-deputado federal Julian Lemos, que foi um dos homens fortes durante a campanha eleitoral de Bolsonaro, mas que acabou se afastando em um ambiente de tensões internas e críticas públicas, deu entrevista reveladora ao DCMTV.
“Eu consegui enxergar o bolsonarismo de uma forma muito mais serena quando saí de dentro desse prédio, onde havia uma série de crenças, construção de pessoas e interesses”, disse. “Carlos Bolsonaro ficou guardado dentro de uma gaiola como bicho bruto. É um sociopata”.
O COMEÇO DE UMA AMIZADE
Sempre fui muito corajoso e inteligente; se não, não teria chegado aonde cheguei. Mas eu não tinha a expertise e a experiência política. Eu estava lidando com verdadeiros profissionais, especialmente profissionais da política do Rio de Janeiro — o que é um agravante.
Não posso fazer um monumento em cima da minha ingenuidade política, porque realmente fui tomado por um sentimento, como empresário e como alguém que foi atingido por algumas ações administrativas do governo do PT, entre outras situações, que me fizeram ser tomado por um sentimento de mudança. Isso é totalmente natural e genuíno.
A gente cai em casamento que não dá certo, em amizades erradas, quanto mais na questão do poder. A gente tem que ser também — e digo isso aos meus irmãos que consigo entender a centro-esquerda (não a esquerda radical) — que me pergunta: “Pô, Julian, como tu caiu num negócio desses?” Eu digo: “Bicho, tu nunca fez uma loucura, não? Tu nunca teve uma boa intenção, não?”
Cada pessoa tem seu minuto de loucura. Eu usei 24 horas de uma vez só. Com humor quero dizer que as pessoas podem errar, se equivocar. Mas permanecer nisso é complicado.
COMO BOLSONARO CHEGOU AO PODER
Isso tudo começou em 2015, logo após o movimento ‘Gigante Acordou’ de 2012, e esse sentimento foi cooptado por dois políticos: Magno Malta, que não avançou, e por Bolsonaro. Esse, sim, avançou.
Bolsonaro começou com a ideia de sair candidato e então fez duas viagens: uma para o Ceará, outra para o Recife. Depois, ainda foi para João Pessoa. Só que antes de vir para cá, apareceram aquelas comunidades no Facebook e, como voluntário, entrei em contato com aquele grupo totalmente amador e sem estrutura, diga-se de passagem. Eu era empresário do segmento de segurança privada. Dei a logística de segurança para recebê-lo aqui.
Quando conheci Bolsonaro, fui sem nenhuma pretensão de cargo público, mas tomado pela revolta e pela intenção de ser útil a esse movimento.
Todo o Brasil foi tomado por um sentimento de revolta. Não é à toa que não se entendeu que o impeachment da Dilma foi político e não por crime algum, pois, teoricamente, Bolsonaro cometeu dez vezes mais pedaladas do que ela.
E o que aconteceu foi que Bolsonaro me conheceu e, lá, fiz um discurso incisivo sobre a renovação do Brasil e, modéstia à parte, sempre fui um bom vendedor. E ele gostou de mim. Aí bateu no meu ombro e disse: “Rapaz, eu gostei de você.” Nisso, já entra a questão do poder, do magnetismo do poder. Ele foi extremamente gentil comigo.
Podem pesquisar na internet: na época em que ele veio a João Pessoa pela primeira vez, houve um quebra-pau. A Assembleia não queria recebê-lo, os políticos do partido dele não queriam recebê-lo. Eu consegui, junto de alguns vereadores e pessoas próximas, uma audiência pública, porque ele só poderia vir com alguma agenda oficial enquanto deputado. E eu resolvi tudo isso. Sempre fui muito desenrolado.
Resumindo: com meu carro, minha estrutura, meu dinheiro, ele — que é inteligente, só é burro para outras coisas — viu um cara com muita energia.
Eu evitei que ele levasse uma surra em João Pessoa. Depois disso, veio o primeiro amor, e passei a andar com ele. Aí rolou um vínculo de amizade grande. Não havia Flávio Bolsonaro no jogo, Carlos Bolsonaro era extremamente distante, Eduardo eu via uma vez ou outra. E a gente criou um vínculo muito forte.
Bolsonaro, para quem não o conhece, naquele primeiro momento, se mostrou muito divertido, contava piada, era espontâneo. Se Jair estivesse longe dos filhos, era um cara bom de bater papo, baixo clero, sem estilo, que comia frango com farofa.
E assim fomos gerando amizade. E nesse negócio foram três anos sem parar, rodando o país com ele. Sempre naquela história: “Preciso de você, estamos juntos…”
Eu que avaliei o Bebianno para entrar. Eu que tomei conta da negociação final do partido PSL junto com os principais nomes: Luciano Bivar, Antônio Rueda, Francischini. Bivar não o queria no partido.
Fiz parte de toda construção, mesmo sendo neófito na política, mas como bom empresário que sempre fui. E isso era de graça. Você sabe quanto custa um cara como eu no seu portfólio? Custa dinheiro! E Bolsonaro tinha isso de graça.
Isso foi crescendo. Quando passei mais ou menos seis meses com ele, ele me deu um broche de deputado e aí entra a sedução do poder.
Éramos próximos de comer pão com ovo, de entrar em conflitos com políticos pesados. Aí ele me disse: “Eu vou lhe fazer deputado federal.”
E eu respondi: “Bolsonaro, se for para lhe ajudar, vou sair a deputado estadual.”
Ele disse: “Não me serve para nada. Quando você for eleito, esqueça de ser deputado, porque você vai ter a melhor função da República, que é abrir minha porta.”
Função essa que seria do Coronel Cid — e eu teria me lascado se entrasse nessa.
Foi isso que aconteceu, não foi algo do dia para a noite. Cheguei a dormir na casa dele todas as vezes em que fui para Brasília, e ele na minha casa, quando vinha para a Paraíba. Ficamos realmente amigos.
A FAMÍLIA BOLSONARO É UM BORDEL
Existia uma guerra muito grande entre os irmãos. Carlos não se dava com Flávio, era intrigado com o pai por causa de Michelle, por causa da ex-mulher. A galera que representa a família! Aquilo ali era o caos. E eu no meio, nesse bordel, tentando equilibrar o jogo.
CARLOS É UM SOCIOPATA
O fato sobre a personalidade de Carlos Bolsonaro é que ele é uma pessoa incapaz de sentir empatia — e falo isso como profissional da área da psicologia. Ele está muito próximo das características de um narcisista com pitadas de sociopatia.
Estive duas ou três vezes com Carlos no gabinete de Jair. O nível de afastamento deles era tanto que ele não dormia na casa do pai, dormia na casa de Jorginho, em Brasília.
Num primeiro contato, ele se mostrou muito humilde, falando muito manso, mas notei que, com outras pessoas, ele sempre cismava do nada com algo e começava a desconstruir a pessoa com apelidos, de forma jocosa. E quando quer detonar alguém, ele simplesmente consegue ser perverso e cruel.
Ele não tem vida social nenhuma aos 42 anos de idade. Um cara que foi eleito aos 17 anos, que assumiu com 18 e tem uma vida pública extensa e, ainda assim, é um cara que não namora, que não tem filho, que não fez nada do que jovens costumam fazer. Ele era Olavo de Carvalho 24 horas por dia e tomava remédio controlado — eu vi na casa dele várias caixas de remédio controlado. Então, é uma pessoa muito instável.
Eu sugeri a Bolsonaro trazer Carlos para Brasília e ele me disse: “Não toque nesse assunto, deixe ele lá onde está”, pois Bolsonaro sabia que, se ele viesse naquele primeiro momento, botaria tudo a perder.
Então, Carlos Bolsonaro ficou guardado dentro de uma gaiola como bicho bruto e, na hora de ser útil ao processo de atacar as pessoas que Bolsonaro não queria mais ao lado dele, o que ele fez foi soltar Carlos.
Outra coisa: esse negócio de Carlos Bolsonaro ser o cara do marketing é uma grande mentira. Toda essa estratégia mais bem elaborada foi feita lá no QG da campanha, na casa de Paulo Marinho. Aquela música “Muda Brasil” foi feita por um cara que eu levei aqui de João Pessoa. A primeira logomarca, etc., tudo foi feito aqui por essa pessoa, que até escreveu um livro.
Com Carlos Bolsonaro era assim: se a gente fazia uma logomarca, ele fazia outra. Ele tem um sentimento de posse, um ciúme maluco, que a gente não entendia porque não compreendia essa situação conflituosa da família. Ele tem um problema grave de possessão pelo pai e por tudo que cerca Jair, e ele não consegue ter consciência disso porque é uma pessoa muito doente.
MICHELLE BOLSONARO É A CLEÓPATRA
Michelle não tinha influência alguma na política de Bolsonaro até o momento da transição. Quando começou a transição, até o jeito de ela andar mudou. Aí a gente já não tinha mais nem direito de entrar na sala. Ela não queria aproximação com ninguém. Jair queria deixá-la distante, mas hoje ela se tornou uma ferramenta útil, porque consegue ser tão danosa quanto Jair — só que com um rosto bonito, uma espécie de Cleópatra. Ela vale hoje um mandato de senadora e uma influência forte no meio dos evangélicos, conseguindo assim ser maior que Carlos Bolsonaro.
Para você ter uma ideia: hoje, se Bolsonaro quisesse, não conseguiria se separar de Michelle. Mas, se ela quiser, ela dá um chute na bunda dele. Quem conhece essa turma sabe que esse casamento é de fachada. Eu digo isso a você porque fui confidente de Jair dentro do gabinete dele. Agora, também digo que Michelle é muito mais inteligente do que ele, bota a família no bolso, e a prova está aqui: ninguém que se opôs a Carlos ficou de pé. Só uma conseguiu — e foi ela.
EDUARDO QUASE APANHAVA DE BOLSONARO
Conheci Eduardo e vi que era uma pessoa muito limitada, que não gozava da confiança do pai para nenhum tipo de articulação política. Vi cena de conflito entre os dois no gabinete, que, se Eduardo abrisse a boca, apanhava.
JAIR RENAN É DEFICIENTE MENTAL
O Jair Renan, o 04, quando conheci Bolsonaro, esse menino não morava no Brasil, mas era uma espécie de escândalo prestes a estourar. A mãe parece que tinha até trocado o nome dele. Esse menino parecia um bicho-do-mato assustado; ele nem falava. Parecia um rapaz meio retardado — e falo isso sem ironia ou ataque, falo como percepção mesmo. Então, ele começou a ficar deslumbrado, sempre cercado por lobistas. Bolsonaro alugou um apartamento na Barra, do lado da casa dele, para esse menino e o trouxe para perto.
Assim que ele chegou, Eduardo olhou pra ele “meio de banda”, Carlos não queria nem vê-lo, e Flávio, que é o mais polido, gentil e político — com especialização em Rio de Janeiro, acho que isso já explica o que quero dizer — foi o único que realmente acolheu o menino. Michelle também não queria papo com o 04. Ele ficou ao léu, como se fosse um problema. Depois foi para Brasília e passou a ter evidência. Falava demais, vivia de forma desregrada, e agora é o vereador mais votado em Balneário Camboriú, com apoio direto do governador de Santa Catarina, que foi quem o elegeu.
JULIAN E BEBIANNO ERAM OS CAPANGAS DE BOLSONARO
Quando chegou Bebianno, fomos ajudando-o e passamos a ser os “capangas” de Bolsonaro onde a gente chegava. Éramos os para-choques dele. Essa construção foi feita assim. Até que chegou num ponto, já no primeiro turno, que eu vi a face de Bolsonaro mudar.
O primeiro choque que eu tive com ele foi antes de acontecer o primeiro turno, quando aquela bomba estourou no apartamento dele, e ele teve de pegar o auxílio-moradia e ir para o funcional — o que é extremamente usual em Brasília — mas eu fui pra lá com ele. Nossa intimidade era tão grande que ele deu uma cópia da chave ao Bebianno e outra para mim. Só que Eduardo já começou a colocar pilha na cabeça dele.
Um dia, só eu e ele, tomando vinho, ele me fez uma pergunta:
“Julian, você confia em mim?”
Eu disse: “Claro que confio!” Três anos depois, e o cara me pergunta isso?!
Ele parecia ter recebido um espírito, olhou pra mim e disse: “Não confie em mim. Confie só no seu pai.”
Achei aquilo de uma energia muito pesada. Comentei com Bebianno, que já estava com uma coisa na cabeça, com conselhos que recebeu do braço direito do Fernando Collor de Mello, que o chamou para uma conversa após ver Bebianno e eu fazermos o mesmo trabalho que ele. Aí que a coisa começou a desandar.
Bebianno chegou pra mim e disse que estava com um incômodo muito grande. “Acho que a coisa está começando a ficar estranha, o capitão está diferente e eu encontrei essa pessoa (assessor de Collor), que me disse que, quando for do primeiro para o segundo turno, o campo de gravidade do poder vai ser muito grande e vai jogar a gente para os jacarés. A gente vai sair todo arrebentado, porque realmente cumpre o que ele diz, faz esse trabalho mais duro — e a gente vai se foder nessa história”, falou.
Aí respondi ao Bebianno que deveríamos falar com o Jair. Sentados a uma mesa, Bebianno — que era um cara de uma dignidade e inteligência enormes, de um grande networking, mas ingênuo como uma criança na política — vai e abre o jogo para Bolsonaro.
Bolsonaro, muito safo, não podendo romper com a gente ali, pega no meu braço e no de Bebianno, olha para nós dois e diz:
“Vocês dois estão na minha mão e eu estou na mão de vocês dois! Vamos subir a rampa, porra, e acabar com essa conversa!”
Isso deu uma inflada na gente.
Resumindo: a gente não subiu a rampa. Depois que ele venceu a eleição, todo mundo testemunhou aquele calvário do Bebianno para ser ministro. Foi o último a ser indicado e só durou um mês e quinze dias.
Depois teve aquela entrevista que ele deu, falando da Abin paralela, no Roda Viva. Doze dias depois ele simplesmente morreu do nada. Bebianno era boxeador, atleta, faixa-preta em jiu-jítsu.
Então é isso. A gente começou a ver que a coisa estava ruim e, na transição, passei a ser fortemente atacado por Carlos Bolsonaro.
Estive com o presidente, conversei com ele e vi a verdadeira face que todo o Brasil depois passou a conhecer: um cara de uma deslealdade, no sentido original da palavra, covarde, ingrato e 100% traidor.

A ABIN PARALELA E O SURTO DE CARLOS
A história da Abin paralela é fato. Eu soube disso assim que aconteceu. Bebianno conversou comigo — eu e ele éramos muito próximos — e ele era um dos ministros palacianos. Por estratégia de Carlos Bolsonaro, que exercia influência quase total no psicológico de Bolsonaro, a secretaria de Bebianno ficou praticamente sem força. Carlos se incomodava com figuras como Bebianno e o general Santos Cruz, justamente porque eram moderados e fiéis.
Eu gostava muito de Bolsonaro, mas não o amava. Agora, Bebianno amava. Chorava por ele. O adorava. Era como se fosse um pai para o Bebianno, até que Carlos Bolsonaro o “sangra” de tal forma que obriga o pai a demiti-lo. Depois disso, ele desapareceu por mais de uma semana, foi para um clube de tiro no Paraná, desligou o celular e tirou as senhas das redes sociais do pai. Quem conseguiu trazê-lo de volta foi o Jorginho, então chefe de gabinete de Jair e hoje ministro do TCU, que tinha muita influência sobre Carlos.
BOLSONARO NÃO É CRISTÃO
Bolsonaro me autorizava a gravar, tirar fotos — eu tinha esse nível de confiança. Dentro da casa dele, em quartos de hotel, gravava conversas. Tinha um relacionamento com ele que o próprio Carlos não tinha com o pai. Se qualquer áudio desses vazasse, as pessoas perceberiam que Bolsonaro não é cristão, não é exemplo de casamento e não tem moral alguma.
Quando Bolsonaro levou a facada e eu cheguei ao hospital, Michelle estava com ele e Carlos, em outra sala, separado por um vidro. Brinquei com Bolsonaro, como sempre fazia, e ele comigo. Isso deixou Carlos possesso, porque ali percebeu o vínculo que eu tinha com Jair. A gota d’água foi quando Bolsonaro foi eleito e, na comemoração, ficou com Hélio Negão de um lado e eu do outro. Foi o suficiente para selar meu destino. Eles não suportam a ideia de que o pai tenha amizade ou gratidão por alguém. Você pode gostar de Bolsonaro, mas Bolsonaro não pode gostar de ninguém.
A FACADA É RESPONSABILIDADE DE CARLOS
Carlos só se aproximou do pai quando percebeu que a popularidade dele era real. Para confirmar o que digo, basta buscar: não existe registro de Carlos acompanhando Jair em viagens durante a campanha, exceto nos EUA e no dia da facada. Quem estava sempre com Jair era eu ou o Bebianno. Nesse dia, Bebianno não estava. Eu estava em campanha para deputado na Paraíba. Carlos estava dentro da Pajero da Polícia Federal, com um drone — e Jair ficou desguarnecido.
Eu e Bebianno éramos cães de guarda, 24 horas por dia ao lado dele. E tudo isso que conto posso provar. Quem deveria estar no carro era o Bebianno, mas se afastou. Eu não estava, e sobrou para o Carlos. Nunca engoli como alguém chega daquela forma, no meio da Polícia Federal, seguranças, multidão — e ninguém percebe que aquele sujeito não fazia parte de nada ali.
Sim, a facada aconteceu — estive no hospital. Mas como se chegou a isso? Faço essa pergunta como faço sobre a morte de Bebianno.
A MORTE DE BEBIANNO É UMA INCÓGNITA
Bebianno fazia tratamento hormonal, tomava soro, cuidava da saúde. Era um homem de 55 anos. A política é sedentária e, naquele período, ele sofreu muito. Estresse mata, gera câncer. Aquele fim de 2018 foi um tormento para ele. A demissão foi adiada, depois criaram expectativa de retorno, depois o humilharam na sala do presidente. Ali ele se quebrou. O dano já estava feito no corpo. Não posso afirmar nada, mas foi um choque a morte dele. Um cara ativo, atleta, morrer assim do nada?
O CLÃ BOLSONARO TERÁ 5% DO SENADO EM 2026
Pode escrever: 5% do Senado será da família Bolsonaro. Eduardo, se voltar, vai ao Senado. Flávio busca reeleição. Michelle será candidata a senadora, caso não vá de vice. Carlos, vereador há mais de 20 anos, vai para Santa Catarina tentar o Senado e dificilmente perde. Jair Renan deve sair a deputado federal. Nem a Mega-Sena rende o que rende uma família com quatro senadores e um deputado.
BOLSONARO NÃO GOSTA DE PASTORES EVANGÉLICOS
Quando conheci Jair, ele já tinha relação com o pastor Malafaia. Eu fazia parte de uma igreja evangélica na minha cidade — tanto que levei meu pastor para a transição. Para se ter ideia da minha influência, o presidente nomeia 50 pessoas na transição e eu indiquei cinco, 10% do total: o pastor, dois advogados, eu mesmo…
Num desses dias, Bolsonaro me disse que estava desconfiado dos pastores. E contou o motivo: “Malafaia chegou pra mim e perguntou: ‘Quando a gente vencer, como vamos dividir as carnes para os leões?’”. Michelle também não queria Magno Malta por perto. Um dia, ele levou Malafaia na casa de Jair e tomou chá de cadeira de mais de uma hora. Bolsonaro não tem amizade com ele. Hoje, Malafaia virou cão de guarda por vaidade. Bolsonaro prostituiu o meio evangélico por interesse — e o estrago que ele causou nas famílias e igrejas é irreversível.
Malafaia só servia para atacar adversários. Nunca teve a confiança de Bolsonaro. Ciro Nogueira, por exemplo, o detonou e disse que era um erro manter esse homem por perto.
Pode anotar: Bolsonaro não gosta de pastor.
OLAVO DE CARVALHO NUNCA FOI MENTOR DE BOLSONARO
Olavo de Carvalho só tinha algum contato com Jair por causa do Carlos. Carlos e Eduardo eram mais devotos de Olavo que de Deus. Jair apenas fingiu que o respeitava para agradar a base mais radical da direita. Depois o jogou para escanteio — e Olavo passou a atacá-lo. Ele nunca foi mentor de Bolsonaro. Jair usou Olavo para pegar voto. Se Olavo dependesse de Jair, ele morria.
O QUE É O BOLSONARISMO
O bolsonarismo não lê, não faz conta, não pensa, não vive de evidência. Vive de crença — e contra crença, ninguém argumenta. É fé cega. Como as pessoas não percebem a manipulação que esse homem faz?