
O cardeal Giovanni Angelo Becciu, condenado a 5 anos e meio de prisão por fraude e desvio de fundos da Igreja Católica, está tentando assegurar seu direito de participar do conclave que elegerá o sucessor do papa Francisco. A controvérsia surge após a divulgação de uma gravação clandestina em que o religioso, ex-assessor próximo do Pontífice, tenta obter seu endosso para operações financeiras questionáveis.
A gravação, feita em julho de 2021 sem o consentimento de Francisco, revela Becciu pressionando o papa a confirmar que autorizou o pagamento de 500 mil euros para o resgate de uma freira sequestrada no Mali.
“Você me deu, ou não, a autorização para iniciar as operações de libertação da religiosa?”, questiona o cardeal na ligação, obtida pelo jornal italiano Il Messaggero. Francisco respondeu lembrar-se “vagamente” e pediu que o assunto fosse tratado por escrito.
Becciu foi condenado em dezembro de 2023 por desviar recursos do Óbulo de São Pedro, fundo de doações destinado a obras de caridade, para a compra de um imóvel em Londres e para pagamentos suspeitos, incluindo 575 mil euros repassados a Cecilia Marogna, uma suposta especialista em inteligência acusada de gastar parte do valor em itens de luxo.

Apesar da condenação, o cardeal recorre da decisão e continua morando em um apartamento no Vaticano.
Em 2020, Francisco já havia ordenado que Becciu renunciasse a seus “direitos e privilégios” como cardeal, incluindo a participação em conclaves. No entanto, o religioso argumenta que o papa não formalizou por escrito sua exclusão. “O Papa reconheceu minhas prerrogativas cardinais intactas”, declarou ao *Unione Sarda*, referindo-se a um consistório recente.
A batalha pelo conclave
A Congregação Geral dos Cardeais terá de decidir se Becciu poderá votar na eleição papal. Sua presença seria polêmica, especialmente entre os setores conservadores do Colégio Cardinalício que se opõem às reformas de Francisco.
A situação expõe as tensões dentro da Igreja Católica, que enfrenta desafios para equilibrar transparência financeira e tradições hierárquicas. Enquanto isso, Becciu mantém sua narrativa de perseguição: “Fui condenado por crimes que não cometi”, insistiu, mesmo após a Justiça vaticana apresentar provas detalhadas dos desvios.
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