
Em meio às especulações sobre uma possível divisão dentro da Igreja Católica, cardeais brasileiros presentes em Roma para o conclave reagiram publicamente neste domingo (4), durante missas celebradas em suas igrejas titulares. Para eles, a diversidade dentro do Colégio Cardinalício não significa desunião, e o que pode prolongar a escolha do novo papa é o fato de muitos cardeais não se conhecerem bem. “Se o conclave demorar, é porque os cardeais não se conhecem, não é porque estão divididos”, disse dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre.
A declaração reforça o tom de unidade entre os religiosos, que pediram orações e destacaram a importância da continuidade com o pontificado do papa Francisco. Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, afirmou: “É normal que haja uma continuidade daquilo que é a vida da Igreja, na questão da doutrina, da moral”. Ele reforçou que o próximo pontífice trará um estilo próprio, como ocorreu nas transições anteriores, mas manterá os fundamentos essenciais.
Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, seguiu na mesma linha: “O próximo papa não será uma xerox do papa Francisco”. Para ele, a missão da Igreja segue, ainda que o estilo e prioridades do novo pontífice possam ser diferentes. Ele enfatizou que o essencial é que o escolhido esteja alinhado com a vontade de Deus: “É importante que seja escolhido aquele que Deus quer, que o Espírito Santo indica”.
Apesar da sensação de unidade entre os brasileiros, os próprios cardeais admitem que o colégio é hoje mais diverso e, por isso, há pouco conhecimento recíproco. “Estamos com crachás nos encontros, porque muitos não se conhecem. Isso é reflexo da internacionalização promovida por Francisco”, explicou dom Paulo. Essa diversidade, segundo dom Jaime, representa uma riqueza, não um problema: “A diversidade não é impedimento, é possibilidade de riqueza”.

A informalidade marcou o clima das missas celebradas pelos brasileiros. Dom Jaime fez piadas com fiéis ao pedir desculpas pelo seu italiano e comentar o estilo “ousado” de seu motorista. Dom Odilo, por sua vez, aproveitou para contar a história da igreja que comanda em Roma a grupos de peregrinos brasileiros, mostrando a familiaridade e a leveza com que os representantes nacionais têm se aproximado das comunidades locais.
Apesar do ambiente mais informal, os cardeais reforçaram que o momento é de oração e discernimento. “Não devemos esperar um papa perfeito, nem Cristo esperou uma Igreja sem males”, lembrou dom Paulo, conclamando os fiéis a acompanharem o processo do conclave com fé. Com reportagem do Estadão.
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