As críticas da atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a punição dos envolvidos nos atos de 08 de janeiro levaram Ricardo Cappelli, atual presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), a relembrar os eventos ocorridos.
Neste sábado (21/03), o jornal O Estado de São Paulo – que apoiou a ditadura militar – publicou um editorial onde critica a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que condenou Débora Rodrigues dos Santos a 14 anos de prisão pela pichação “Perdeu, Mané” na estátua da Justiça durante a ação bolsonarista na Praça dos Três Poderes.
Enquanto o magistrado e a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam os crimes cometidos pela cabeleireira – tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; associação criminosa armada; dano qualificado contra o patrimônio da União; e deterioração de patrimônio público tombado -, a publicação diz que Moraes “cometeu uma injustiça” e que a aplicação da lei “deve ser feita com equilíbrio, razoabilidade e sensatez”.
“Eu vi homens armados que me impediram de desmontar o acampamento golpista na mesma noite. Eu vi gente que tentou explodir um aeroporto nos festejos do Natal. Eu vi a sede dos 3 Poderes destruídas. Eu vi o Cristo arrancado da parede, vandalizado”, lembra Cappelli, que atuou como interventor federal na Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal.
“Eu estava no campo da batalha. Haviam homens armados que tentaram assassinar a soldado Marcela. Eu vi de perto homens com rádio levantando juntos e derrubando os gradis. Não foi um passeio no parque. Eu vi tanques se movendo na minha direção”, disse Cappelli, em postagem na rede social X.
Além de citar o temor de sua família, Cappelli disse ter ouvido do Comandante do Exército que ele “precisava entender que o país estava dividido”.
“Eu vi nossa democracia na beira do abismo. Eu temi por ela e por um banho de sangue em nosso país. O Estadão, que já apoiou um Golpe de Estado no Brasil, flerta novamente, infelizmente, com o obscurantismo sombrio, com o autoritarismo, tentando relativizar a gravidade dos fatos”, afirma.
A íntegra da publicação pode ser vista clicando aqui.