Cristina Buarque

O filho de Cristina Buarque, Zeca Ferreira, escreveu que a mãe era “uma cantora avessa aos holofotes” ao anunciar no Instagram a morte dela na manhã de quarta-feira (24):

Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas como explicar isso nesse tempo específico?

Mas foi isso a vida inteirinha dessa mulher que tivemos, nós 5, a sorte grande de ter como mãe. Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra.

“Bom mesmo é o coro”, ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto.

É imagem bonita e nítida mas desfoca as outras belezas que se perderiam na sombra não fossem essas pessoas imunes ao imediato.

Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe.

23/12/1950
20/04/2025

Low profile, Cristina Buarque deixa uma obra admirada por músicos, pesquisadores e amantes do samba — e um exemplo raro de integridade artística num cenário muitas vezes marcado pelo marketing e pelo sobrenome.

Morreu aos 74 anos, em decorrência de complicações de um câncer. Cantora nascida em São Paulo e criada no Rio de Janeiro, estreou na música em 1967, identificando-se apenas como Cristina, ao participar do álbum “Onze sambas e uma capoeira”, de Paulo Vanzolini. Na gravação, deu voz ao samba “Chorava no meio da rua”, de autoria do próprio Vanzolini.

No ano seguinte, dividiu com o irmão Chico Buarque a interpretação do samba-canção “Sem fantasia”, no terceiro disco dele.

A partir dali, no entanto, seguiu seu próprio percurso, com firmeza e independência, sem recorrer ao prestígio da família. Sua trilha foi a dos mestres, da tradição, da velha guarda.

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Last Update: 20/04/2025