Na eleição de 2024, houve uma redução de 14% no número de candidatos originários das Forças Armadas e das polícias em comparação ao pleito de 2020, de acordo com um levantamento baseado em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram registradas 5.649 candidaturas de policiais e militares na ativa ou aposentados, contra 6.573 em 2020. A apuração é da colunista Juliana Dal Piva.
Os dados revelam uma concentração de candidatos de carreira armada em partidos associados à direita. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, lançou o maior número de candidatos deste grupo, com 880 inscrições. Além disso, os partidos do Centrão — Republicanos, União Brasil, PP, MDB, PSD, Podemos e PRD — somaram 2.884 candidaturas, representando 51% do total.
Bolsonaro indicou candidatos de perfil militar ou policial para posições estratégicas. No Rio de Janeiro, nomeou o deputado federal e delegado da Polícia Federal, Alexandre Ramagem (PL). Em São Paulo, designou o coronel da PM Ricardo de Mello Araújo como vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB) como condição para seu apoio.
Por outro lado, apenas 591 candidatos das Forças Armadas e das polícias optaram por partidos de esquerda nesta eleição, com o PSB liderando este grupo com 211 candidaturas. O PT, apesar de ocupar a presidência, atraiu apenas 112 candidatos, posicionando-se como a 16ª escolha entre esses profissionais.
Durante o governo Bolsonaro, a politização das Forças Armadas e das polícias emergiu como uma preocupação para diversos governadores, que se esforçaram para manter o controle sobre as corporações estaduais. O motim da PM do Ceará em 2020 foi visto como um risco desse fenômeno, sendo inclusive apoiado pelo governo federal.