Candidatura de Flávio desmonta articulação e humilha Tarcísio, dizem aliados

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebe o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL), em setembro de 2025, quando ainda estava em prisão domiciliar. Foto: Diego Herculano/Reuters

O lançamento de Flávio Bolsonaro (PL-SP) à Presidência é visto por líderes partidários como uma humilhação a Tarcísio de Freitas (Republicanos) e um sinal de que o governador de São Paulo não tem autonomia política diante da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Para dirigentes de diferentes legendas, o gesto expôs que Tarcísio não controla seu próprio destino e segue subordinado às decisões de Bolsonaro e de seus filhos. Desde o anúncio, o governador paulista manteve silêncio absoluto.

Dirigentes afirmam que a ação da família Bolsonaro “diminuiu Tarcísio perante outros líderes” e deixou evidente que “as decisões principais não passam por ele, mas, sim, pelo ex-presidente e seus filhos”. Um dos interlocutores resume: “ele tem um chefe”.

Outra liderança do Centrão classifica o episódio como “até humilhante”, lembrando que Tarcísio passou meses se comportando “como se fosse candidato a presidente da República”, falando para banqueiros e articulando alianças estaduais.

“Bolsonaro destrói o castelinho de cartas dele”

Segundo outro dirigente, a reviravolta desmoralizou o governador: “Era como se ele estivesse no comando, costurando tudo. E, de repente, de uma hora para a outra, o Bolsonaro vem e destrói o castelinho de cartas dele. Todo mundo está achando que o Tarcísio é o bobo da corte”.

Mesmo quem vê Tarcísio como competitivo contra Lula aponta a falta de liderança: “As pessoas jogaram três meses de conversa fora e agora percebem que ele não tem liderança alguma, é submisso mesmo”.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução

Flávio sem apoio amplo e risco para o palanque

Aliados acreditam também que Flávio Bolsonaro tende a recuar, pois “nem mesmo na direita houve apoio amplo”, e abandonar um mandato de oito anos no Senado seria um risco alto diante de uma derrota praticamente certa.

Mesmo assim, líderes afirmam que a permanência de Flávio como pré-candidato já prejudica Tarcísio: “Acaba com o palanque dele nos estados”, porque governadores e lideranças regionais preferem buscar outras alianças em vez de esperar uma eventual desistência do senador.

Outro político com trânsito entre a família e o governador diz que Tarcísio não soube fazer gestos aos Bolsonaro, que agora “relutam em passar a ele o bastão político”.

Segundo ele, o bolsonarismo é “barato”, mas “produto essencial” por deter a principal matéria-prima das eleições: os votos. A falta de atenção a pedidos considerados pequenos teria contribuído para a deterioração da relação.

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