Os deputados franceses reelegeram nesta quinta-feira 18 Yael Braun-Pivet, candidata do presidente Emmanuel Macron, para presidir a Assembleia Nacional, a câmara baixa, que ficou fragmentada em três grandes blocos após as eleições legislativas antecipadas nas quais nenhum partido conseguiu maioria absoluta.
A votação, ocorrida em três rodadas, se estendeu por quase seis horas e é um sinal negativo para a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que apesar de ter o maior número de assentos não conseguiu entrar em consenso para propor um candidato a primeiro-ministro.
A votação foi precedida por intensas negociações entre os partidos políticos, em meio a um ambiente tenso, enquanto a França se prepara para sediar os Jogos Olímpicos, que começam em 26 de julho.
Braun-Pivet, presidente em exercício da câmara baixa do Parlamento, foi reeleita com 220 votos, contra o candidato comunista André Chassaigne da NFP, que obteve 207, e o da extrema direita Sébastien Chenu, com 141.
O resultado da votação desta quinta-feira é crucial, já que oferece uma primeira visão das alianças que poderiam ser formadas pelos partidos para construir uma maioria e influenciar na formação de um novo governo.
As eleições legislativas em dois turnos, 30 de junho e 7 de julho, deixaram um hemiciclo fragmentado, no qual a NFP – uma aliança de esquerda que inclui socialistas, comunistas, ecologistas e o partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI) – ficou em primeiro lugar com 193 deputados, mas longe da maioria absoluta de 289 assentos.
A aliança de centro-direita de Macron (164 assentos) ficou em segundo lugar, enquanto a extrema-direita conseguiu 143 representantes.
Um “voto roubado”
A lei estipula que a votação ocorre em três rodadas – nas duas primeiras é necessária maioria absoluta dos votos, mas na terceira basta maioria relativa.
Na primeira rodada, o comunista Chassaigne ficou em primeiro lugar; e na segunda, após a retirada de dois candidatos aliados ao partido de Macron, a candidata governista conquistou a primeira colocação, mas sem maioria absoluta, o que levou a uma terceira rodada.
Macron parabenizou Braun-Pivet pela reeleição e elogiou sua “responsabilidade republicana”.
“Todos que a conhecem sabem que ela velará pelo respeito à pluralidade das opiniões e pela expressão da diversidade de sensibilidades”, disse o presidente.
A reeleição de Braun-Pivet, de 53 anos, define o tom em que se desenvolverá a nova legislatura.
Após a votação, Chassaigne afirmou que “o voto dos franceses” nas eleições legislativas “foi roubado” por uma “aliança antinatural” entre o partido presidencial Renascimento e a direita.
O ultradireitista Chenu, do partido Reagrupamento Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, considerou que a eleição de Braun-Pivet “desrespeitou a vontade dos eleitores” e foi uma “vitória das artimanhas”.
Chenu também criticou uma aliança “antinatural entre os macronistas e Os Republicanos” (LR), argumentando que este partido conservador fez campanha afirmando ser a oposição ao presidente.
O cargo de presidente da Assembleia Nacional consiste principalmente em organizar e moderar os debates, mas como a quarta figura mais importante do país, também possui alguns poderes constitucionais cruciais.
A NFP, apesar de ter ficado em primeiro lugar no segundo turno, não conseguiu chegar a um consenso por um nome para o cargo de primeiro-ministro devido às diferenças entre o LFI, sua principal força, e os socialistas.
Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias de 9 de junho.