O cheque assinado por Fran Corrêa (MDB), candidata em Guarulhos: devolvido por falta de fundos (crédito: TJ-SP)

A candidata a vice-prefeita de Guarulhos, Francislene Assis de Almeida Corrêa (Fran Corrêa, do MDB), teve mais de R$ 447 mil de suas contas bloqueadas graças a um cheque sem fundo que passou em 2023.

É o que mostram os autos do processo de execução que recai sobre a candidata na Justiça de São Paulo, aos quais o DCM teve acesso. A emedebista é esposa do secretário executivo de Desenvolvimento Urbano e Habitação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Eli Corrêa Filho (União-SP).

Veja, abaixo, trechos do processo de execução, movidos por uma empresa gráfica que prestou serviços à candidata. Os destaques foram inseridos pela reportagem do DCM, que também cobriu o endereço residencial de Fran Corrêa.

De acordo com a empresa que tomou o calote, a candidata sustou um cheque de R$ 447 mil (crédito: TJ-SP)
A parte de trás do cheque de R$ 447 mil de Fran Corrêa, com o carimbo: “Devolvido pelo banco sacado” (crédito: TJ-SP)

Quer dizer: Fran Corrêa passou um cheque de R$ 447 mil a uma gráfica. O fez utilizando um cheque de pessoa física, que não era administrativo (com garantia de fundos do próprio banco que emite o cheque), e o cheque voltou porque foi sustado.

O processo de execução da dívida teve início no dia 16 de junho do ano passado. A Justiça tentou por um mês entregar a notificação em alguns dos endereços de Fran Corrêa (que é empresária do ramo imobiliário), sem sucesso: ela nunca estava no local e ninguém poderia receber em seu nome.

Assim, ela teve que ser notificada por carta, e em casa recebeu o aviso do protesto sobre seu nome, do 1º Tabelião de Notas e Títulos de Guarulhos. Aí, sim, resolveu aparecer no processo, mostrando-se surpresa com tudo aquilo, como disse seu advogado à Justiça, no dia 19 de julho do ano passado:

Advogado de Fran aparece no processo após a cliente ter seu nome protestado, e diz que isso a tinha surpreendido (crédito: TJ-SP)

Os representantes da emedebista argumentaram na Justiça que aquele cheque estava com uma data que não era a que originalmente fora transferido à gráfica em questão. Segundo a defesa de Fran, ela passara aquele cheque em 2019, o que faria com que já estivesse prescrito, com a empresa que recebeu sem mais direitos de poder descontá-lo.

A Justiça não se convenceu com a conversa da candidata (quiçá nem ela mesma). No dia 14 de setembro do ano passado, conforme se pode verificar nos autos do processo TJ-SP 1028618-42.2023.8.26.0224, o juiz Domicio Whately Pacheco e Silva, da 7ª Vara Cível de Guarulhos, decretou o bloqueio de R$ 518 mil das contas bancárias de Fran Corrêa, valor correspondente ao que devia a candidata, mais juros, correção e multa.

Foram, então, encontradas pelo Banco Central nove contas da candidata no sistema bancário brasileiro. Veja abaixo.

As nove contas que Fran Corrêa mantém no sistema bancário brasileiro foram bloqueadas pela Justiça em outubro do ano passado (crédito: TJ-SP)

À Justiça Eleitoral, Fran Corrêa declarou ser dona de um patrimônio de mais de R$ 40 milhões. Apesar disso, em suas contas bancárias, foram encontrados apenas R$ 79 mil, que foram prontamente bloqueados para pagar o cheque sem fundo.

Como o valor era insuficiente para sanar o débito, a empresa que tomou o calote solicitou à Justiça, em março deste ano, que bloqueasse o automóvel comumente utilizado pela emedebista (de valor declarado de R$ 362 mil), a fim de levá-lo a leilão e assim obter mais uma parte do pagamento.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 19/08/2024