O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta terça-feira, 4, que o país aplicará tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, em retaliação às sanções comerciais impostas pelo presidente americano Donald Trump.

A medida marca um novo capítulo na crescente guerra comercial entre os dois países, com impacto imediato nas bolsas de valores e no comércio internacional.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, 3, Trudeau criticou veementemente as ações de Washington, afirmando:

“Nada justifica essas medidas (dos EUA)”.

O Canadá responderá com tarifas de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos americanos, abrangendo uma gama de itens, incluindo automóveis, peças, ferro e alumínio, mas excluindo os bens energéticos, que sofrerão uma tarifa de 10%.

Trump justificou a imposição das tarifas como uma resposta a questões de segurança nas fronteiras, principalmente no que diz respeito à entrada de imigrantes e ao tráfico de drogas, com ênfase no fentanil.

“As tarifas, vocês sabem, estão todas definidas. Elas entram em vigor amanhã”, declarou Trump em uma reunião com jornalistas, frustrando as expectativas de uma renegociação com o Canadá e o México.

A decisão de Trump também afeta outros países, incluindo a China. O presidente dos EUA anunciou a duplicação das tarifas sobre produtos chineses, que passarão de 10% para 20%.

Em resposta, Pequim declarou que retaliará com tarifas adicionais de 10% a 15% sobre diversos produtos agrícolas americanos, como carnes, frutas, vegetais, soja e milho, com início previsto para 10 de março.

O impacto imediato da guerra comercial nos mercados financeiros foi notável. As principais bolsas de valores dos Estados Unidos sofreram quedas expressivas. O índice S&P 500 registrou uma queda de 1,75%, fechando em 5.850,31 pontos, enquanto o Nasdaq Composite caiu 2,64%, para 18.350,19 pontos.

O Dow Jones Industrial Average recuou 1,47%, para 43.197,30 pontos. Empresas como a fabricante de chips Nvidia e o grupo de energia ConocoPhillips foram fortemente afetadas, com quedas de 8,69% e 6,58%, respectivamente.

A retração na produção industrial americana também foi apontada como um fator agravante da situação, com dados de fevereiro indicando uma desaceleração significativa da atividade econômica.

A imposição das tarifas de 25% ao Canadá e ao México havia sido anunciada em 1º de fevereiro, mas foi adiada por um mês após negociações com os países vizinhos, que se comprometeram a reforçar a segurança nas fronteiras.

No entanto, sem avanços substanciais nas discussões, Trump decidiu implementar as tarifas conforme prometido.

O empresariado americano expressou preocupações sobre os efeitos da medida, destacando que os consumidores dos Estados Unidos podem enfrentar preços mais altos em uma variedade de produtos essenciais.

Produtos como abacates, carnes e automóveis, que são amplamente importados do México e do Canadá, terão seus preços elevados devido às tarifas impostas. Em 2022, por exemplo, 90% dos abacates consumidos nos EUA foram importados, sendo que 89% vieram do México.

Em resposta, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que o governo mexicano está preparado para enfrentar as sanções, destacando que há planos alternativos em vigor.

“Temos um plano A, B e C”, disse Sheinbaum, ao mesmo tempo em que contestou as alegações de Trump, apontando uma redução de 49,9% nas apreensões de fentanil na fronteira com os Estados Unidos entre outubro e janeiro.

No caso do Canadá, os principais produtos afetados pelas tarifas incluem automóveis, peças, ferro, alumínio e gás. No entanto, o petróleo canadense, principal fonte de energia para os Estados Unidos, será apenas parcialmente impactado, com uma tarifa de 10%. O Canadá é o maior fornecedor de petróleo dos EUA, respondendo por 60% das importações de petróleo bruto.

O ministro de Energia e Recursos Naturais do Canadá, Jonathan Wilkinson, alertou sobre os possíveis efeitos para os consumidores americanos, destacando que os preços da gasolina, eletricidade e aquecimento residencial podem subir devido ao aumento nos custos dos insumos energéticos provenientes do Canadá.

“Veremos preços mais altos de gasolina, eletricidade e aquecimento residencial com o aumento do custo dos insumos energéticos canadenses”, afirmou Wilkinson.

Trump também afirmou que as tarifas poderiam ser reduzidas se os países afetados transferissem suas fábricas para os Estados Unidos.

“O que eles precisam fazer é construir suas fábricas de automóveis e outros produtos aqui nos EUA. Assim, não haverá tarifas”, disse o presidente.

Quando questionado sobre a possibilidade de novas sanções contra a China, Trump evitou dar uma resposta direta, condicionando a decisão a possíveis reações de Pequim.

“Depende do que eles fazem com sua moeda e suas retaliações econômicas”, afirmou Trump, minimizando os efeitos de uma escalada comercial. “Não acho que Pequim retaliará muito”, concluiu o presidente americano.

A guerra comercial entre os Estados Unidos, Canadá, México e China continua a se intensificar, com consequências significativas para os mercados financeiros e para o comércio internacional.

O impacto das tarifas ainda precisa ser completamente avaliado, mas os efeitos imediatos já são evidentes tanto na economia dos EUA quanto nas relações comerciais com seus principais parceiros.

Com informações da Folha

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Last Update: 04/03/2025