
Por Juliana Adriano
Da Página do MST
IFC localizado no assentamento José Maria, em Abelardo Luz/SC, agora é campus autônomo. A inauguração das obras é parte da reafirmação de que as comunidades do campo têm direito de ter escola do campo em seus territórios. Neste dia 12 de junho, cerca de 300 pessoas participaram da atividade, desde integrantes de 20 comunidades de áreas de reforma agrária, 4 terras indígenas, lideranças sociais, parlamentares, professores, gestores, incluindo o Secretário de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) do Ministério da Educação, Marcelo Bregagnoli, o reitor do IFC, Rudinei Exterckoter e do deputado federal Pedro Uczai.
Irma Brunetto, da direção do MST, emocionada, relembrou que “a demanda deste Instituto foi entregue em Brasília em meio a uma Jornada de Lutas do Movimento Sem Terra. Em Abelardo Luz o Movimento Sem Terra começou a luta pela terra em Santa Catarina. E para nós, desde o princípio a educação é fundamental, por isso é com muita alegria que comemoramos a efetivação do Instituto Federal no Assentamento José Maria, atendendo toda a região. Essa é uma conquista de todos nós, de quem acredita e quer construir um mundo melhor”. Em 2015 o IFC em Abelardo Luz sofreu com uma forte investida que tentou fechar o mesmo judicialmente. A comunidade escolar, que envolve organizações sociais da região, pais, estudantes e gestores se mobilizaram contra o fechamento.

No mesmo sentido, o cacique Albari, do povo Kaigang, reforçou que “nós não vamos se calar nunca, nossos direitos não se compram, eles se conquistam. Vamos brigar por nossa cultura”. Por isso é de grande importância ter o Instituto numa região onde moram 15 mil indígenas. O IFC tem buscado construir a formação da educação indígena em diálogo com as 5 terras indígenas existentes no território.
O diretor do IFC campus Abelardo Luz afirmou que o ato se configura em “um dia extremamente importante porque marca e consolida um longo período de trabalho, de sonho, de imaginação, de teimosia e de esperança”. Esperança, como nos ensina Paulo Freire, do verbo esperançar”. No último ano, cerca de 800 estudantes estudaram no instituto federal, dentre eles assentados e acampados do MST, indígenas dos povos Kaigang e Guarani, jovens e adultos. Em níveis de formação diversificados, desde o ensino superior, formação de professores, educação de jovens e adultos, curso técnico e médio.

O governo federal também se fez presente na atividade. Marcelo Bregagnoli, secretário da SETEC/Ministério da Educação, abordou a necessidade da defesa da educação pública e importância de o Instituto Federal “estar aqui, no campo, no assentamento, pois é com base na realidade que vamos avançar na transformação da realidade, na melhoria da qualidade de vida no campo”. O reitor do IFC, Rudinei Exterckoter, relembrou que ter um IFC em território de reforma agrária é parte da “política de expansão da rede pública federal, que visa levar ensino de excelência para as regiões mais necessitadas” Assim, é preciso “celebrar a resistência e a defesa da educação pública e a trajetória desse campus é uma prova viva dessa luta”.
A conquista da ampliação da estrutura física do IFC e sua efetivação enquanto campus autônomos são conquistas importantes para a região de Abelardo Luz, afirmou o deputado federal Pecro Uczai. Além disso, é preciso “continuar investindo nesse instituto federal, pois defender o IFC no campo é defender a agricultura familiar e camponesa, é fomentar um modelo de desenvolvimento no campo que leve em consideração a questão ecológica e social”.

Conforme reafirmaram os estudantes durante a mística, a escola do campo de misturar sonho e realidade, mesmo que existam tempos de guerra, tempos sem sol, mesmo que existam tempos em que é preciso resistir frente aos que julgam ser um privilégio indígenas e Sem Terra terem escolas e institutos federais em seus territórios, “nós não paramos de sonhar”. O IFC Campus Abelardo Luz, completa 10 anos de trabalho e resistência em 2025. Trata-se de uma escola construída a muitas mãos. “O IFC é a escola do campo que temos orgulho de ter em nosso território, que se propõe a acolher nossa cultura, nossa história, nossos sonhos… que participa da construção do nosso sonho de transformação social”

*Editado por Gabriel Vargas