A Câmara dos Deputados suspendeu a escolta para a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ). A parlamentar contava com a segurança de agentes da Polícia Legislativa Federal após receber uma série de ameaças de morte que ainda estão em investigação.
A suspensão passou a contar na quinta-feira 11 por decisão do comando da Câmara. A parlamentar informou ter contratado, com os próprios recursos, uma equipe privada para fazer sua segurança durante as atividades políticas que fará no fim de semana, no Rio de Janeiro. Na agenda, o principal compromisso é um ato de rua contra o PL da Dosimetria.
A Casa, segundo a deputada, não a consultou antes de tomar a decisão nem comunicou previamente que a suspensão seria adotada.
Em nota, Talíria diz que o corte seria uma represália de Motta pela atuação do PSOL em defesa do mandato de Glauber Braga. Filiado à sigla, ele foi salvo de um processo de cassação na última quarta-feira 10, contrariando a expectativa do presidente da Câmara.
“A decisão de Motta ocorreu de forma unilateral, subestimando os riscos para a integridade da parlamentar e de seus dois filhos, e vem no dia seguinte a uma derrota de Motta após articulação de Talíria como líder de bancada para salvar o deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) da cassação que foi votada em plenário e de enfrentar contundentemente o PL da Anistia para os golpistas de 08 de janeiro”, diz o comunicado da parlamentar.
A retaliação também foi citada pela presidenta do PSOL, Paula Coradi: “nos parece uma pura e simples retaliação às críticas feitas pela Talíria ao seu trabalho. Tal medida, além de expor a integridade e a segurança da nossa parlamentar, vítima de constantes ameaças, mostra sua incapacidade de conviver com o contraditório, agindo como um despota mimado, um covarde fiador da violência política de gênero.”
A Casa ainda não respondeu aos questionamentos sobre a suspensão. Motta também não fez comentários.
As ameaças contra Talíria iniciaram por volta de 2020 e são, desde então, investigadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, o tema também entrou no radar da Polícia Federal, que também apura o caso, após o crescimento no volume de ameaças com informações sensíveis sobre o endereço e rotina da parlamentar e de familiares.
A principal suspeita é de que parte das ameaças estejam ligadas a grupos milicianos que atuam no Rio de Janeiro. A extrema-direita também tem Talíria como um alvo constante, especialmente no ambiente digital. “Essa violência digital é, na literatura e na prática contemporânea, um gatilho frequente para ataques físicos, funcionando como mecanismo de desumanização e abertura simbólica para a violência material”, alerta o gabinete da deputada no comunicado.