Câmara rejeita cassação e mantém mandato de Carla Zambelli

A Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (10), manter o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) ao rejeitar, por falta de votos, o pedido de cassação apresentado pela Mesa Diretora. A votação registrou 227 votos favoráveis, 110 contrários e 10 abstenções — eram necessários 257 votos para aprovar a perda do mandato. Com isso, o processo será arquivado.

A decisão ocorre apesar de Zambelli ter sido condenada definitivamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de reclusão pela participação nas invasões aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada está presa na Itália, onde aguarda análise do pedido de extradição.

CCJ recomendava cassação

O resultado no Plenário contrariou o parecer aprovado previamente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O relator, Claudio Cajado (PP-BA), defendia que a perda do mandato era inevitável, já que a deputada cumpre pena em regime fechado.

“Como alguém pode exercer o mandato estando recluso em regime fechado? O mandato exige presença, comparecer ao Plenário e participar das comissões”, disse Cajado.

O parecer citava decisão do STF no caso do ex-deputado Nelson Meurer, de 2018. A Mesa Diretora também havia recebido manifestação da 1ª Turma do STF apontando que caberia à própria Câmara declarar a perda do mandato.

Crimes envolveram emissão de documentos falsos via invasão ao CNJ

Segundo o STF, Zambelli atuou como instigadora da invasão conduzida por Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer. Em janeiro de 2023, foram realizadas 13 invasões e emitidos 16 documentos falsos, incluindo mandados de prisão, alvarás e ordens de bloqueio.

Entre os documentos fraudados estava um suposto mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, assinado falsamente em nome do próprio magistrado.

Além da pena de prisão, a deputada foi condenada ao pagamento de multa e de indenização de R$ 2 milhões.

Relatório alternativo defendia manutenção do mandato

O relator inicial na CCJ, Diego Garcia (Republicanos-PR), havia sugerido manter o mandato. Ele alegava ausência de prova de participação direta nos crimes e citou laudo que descrevia Delgatti como “mitômano”.

Seu parecer, no entanto, foi rejeitado pela comissão.

Garcia afirmou em Plenário:

“Tudo o que a acusação afirma estar no relatório policial não se encontra lá.”

Defesa fala em “fragilidade” das provas

O advogado Fábio Pagnozzi, que representa Zambelli, argumentou que a cassação agravaria a situação jurídica da deputada na Itália:

“Só mostrando à Justiça italiana que seus pares não a cassaram, ela vai ter uma chance de ficar livre.”

Pagnozzi também afirmou que Zambelli teria cogitado renunciar para evitar desgaste:

“A Carla Zambelli só quer dignidade.”

Parlamentares se dividem

A decisão evidenciou divergências entre partidos e bancadas:

Críticas à votação no Plenário

Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que não havia motivo para debate, já que a deputada está presa.

Júlio Lopes (PP-RJ) contestou argumento de que a Mesa poderia decidir por faltas: segundo ele, o limite constitucional seria atingido apenas em fevereiro de 2026.

Defesa de manter o processo fora do Plenário

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que a cassação poderia ser conduzida pela Mesa, evitando desgaste político.

Chris Tonietto (PL-RJ) defendeu que a decisão fosse tomada pelos parlamentares:

“A cassação perpetuaria a injustiça contra Zambelli.”

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