A Câmara dos Deputados autorizou na noite de quinta-feira (5) uma licença de 127 dias para a deputada Carla Zambelli (PL-SP), atualmente foragida na Itália. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão por participação na invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, mesmo assim, conseguiu afastamento oficial do mandato — sete dias por tratamento de saúde e 120 por “interesse particular”. A decisão foi publicada em edição extra do Diário da Câmara.
Enquanto permanece fora do país, Zambelli será substituída pelo correligionário Coronel Tadeu, também do PL-SP. A licença concedida é sem remuneração.
A rota de fuga
Zambelli deixou o Brasil por via terrestre rumo à Argentina. De lá, embarcou para os Estados Unidos e, posteriormente, para Roma, onde chegou na manhã de quarta-feira (5). A fuga ocorreu após a deputada solicitar licença da Câmara no dia 29 de maio, pedido aceito antes mesmo de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar sua prisão preventiva.
Como consequência da fuga, Zambelli foi incluída na lista de procurados da Interpol e passou a ser investigada por possível obstrução de Justiça. Moraes também autorizou a quebra de seu sigilo bancário para apurar se houve apoio financeiro à sua evasão, além do monitoramento de suas redes sociais.
Com a fuga de Zambelli, Moraes também enviou ofício à Câmara solicitando a suspensão imediata de seu salário parlamentar, hoje superior a R$ 46 mil mensais.
Condenação e novos desdobramentos
A condenação de Zambelli ocorreu em razão da invasão ao sistema do CNJ em 2023, executada pelo hacker Walter Delgatti Neto a mando da deputada, segundo as investigações. Além disso, ela responde por falsidade ideológica ao inserir documentos falsos no sistema, incluindo um mandado de prisão forjado contra o próprio Alexandre de Moraes.
O caso volta a ser analisado nesta sexta-feira (6), quando a Primeira Turma do STF julga os recursos apresentados pela defesa de Zambelli e de Delgatti. O julgamento, em plenário virtual, começou às 11h e deve se estender até o fim do dia.
Mandato ameaçado
Com a fuga de Zambelli, Moraes já enviou ofício à Câmara solicitando a suspensão imediata de seu salário parlamentar, hoje superior a R$ 46 mil mensais.
Além disso, pesar da perda do mandato ter sido prevista na condenação, o afastamento temporário autorizado pela Câmara adia o desfecho, enquanto a deputada tenta reverter sua pena.



