No apagar das luzes do mês de abril, a direção da Caixa Econômica Federal anunciou a demissão de cerca de 4.200 trabalhadores terceirizados que exercem a função de telefonistas e prestam serviços nas diversas agências bancárias em todo o País.

Após reunião realizada com as entidades de luta dos trabalhadores bancários (Contraf/CUT, Fenae) e a representante eleita pelos trabalhadores no Conselho de Administração do banco, Fabiana Uehara, no último dia 30 de abril, com o objetivo de pressionar a direção da Caixa no sentido de reverter as demissões, o banco se comprometeu com a suspensão do processo por 30 dias.

“De acordo com o banco, o processo de demissão está suspenso até que seja concluído o estudo que mostre os efeitos da decisão. Para diminuir o impacto social que as demissões causariam na vida das trabalhadoras, o banco se comprometeu em remanejar cerca de 30% das telefonistas para o cargo de recepcionistas. Com isso, as trabalhadoras que são mães de crianças neurodivergentes e Pessoas com Deficiência (PcDs), bem como aquelas que estão mais próximas da aposentadoria, terão preferência no remanejamento.” (Site Fenae, 30/04/2025)

Mas, com toda razão, os trabalhadores diretamente afetados pelas demissões, nas redes sociais, questionam a postura do banco, alegando que se trata de um golpe da direção da empresa, já que quase a totalidade dos terceirizados assinou o aviso prévio que, por coincidência, tem duração exata de 30 dias. Além disso, protestam contra o fato de o banco propor o aproveitamento de apenas 30% dos trabalhadores, enquanto os outros 70% serão jogados no olho da rua. Grande parte desses trabalhadores presta serviços para a Caixa há mais de 20 anos, como é o caso de uma trabalhadora que presta serviços há 27 anos e espera que seu “trabalho dedicado com muito carinho não fique em vão”.

Não pode haver nenhuma dúvida de que a atual direção da Caixa, composta por representantes da tal “Frente Ampla”, cuja presidência é exercida por um indicado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), um neoliberal de carteirinha, Carlos Antônio Vieira, visa pavimentar o caminho para a privatização da Caixa. A política dessa mesma direção no processo de reestruturação, através do Projeto Teia, não deixa dúvidas sobre isso (mas vamos deixar esse tema para uma próxima matéria).

O processo de demissão em massa dos terceirizados na Caixa Econômica Federal não é uma novidade na categoria bancária e também é uma realidade na maioria das categorias de trabalhadores.

A terceirização é uma forma encontrada pelos patrões para atacar, ao mesmo tempo, a força de trabalho e as organizações sindicais dos trabalhadores, com o objetivo de diminuir ainda mais sua capacidade de barganha.

O atual exemplo da Caixa é mais um indicativo de que é preciso unificar, sob uma mesma base, os trabalhadores contratados e terceirizados, impedindo a divisão da categoria e o enfraquecimento da sua organização sindical de luta.

Os trabalhadores terceirizados devem ser encorajados a se filiar ao sindicato oficial, uma vez que os seus sindicatos, na maioria das vezes, são inexistentes e meras fachadas burocráticas criadas pelos patrões.

Para barrar o processo na Caixa, é necessário iniciar a publicação de um boletim especial, que passe a ser regular, para mobilizar e organizar tanto os terceirizados como os bancários da Caixa e os demais trabalhadores da categoria, contra a política reacionária da direção do banco para com os trabalhadores. Juntamente com essa luta, reivindicar da direção da Caixa o fim de todas as terceirizações e a contratação de todos os terceirizados.

Propor ainda que a CUT organize uma campanha nacional, com todos os seus mais de 4.500 sindicatos filiados, pelo fim da terceirização em escala nacional.

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Last Update: 03/05/2025