A juíza Maria Helena Silva condenou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) por abuso de poder político, o que o torna inelegível por oito anos. E cassou o registro do prefeito eleito de Goiânia, João Pedro (PSD), e da vice-prefeita, Maria Luiza (PSD).
A denúncia contra Caiado e João Pedro à Justiça Eleitoral foi feita pelo Ministério Público, que acolheu Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) protocolada pela chapa do candidato adversário a prefeito de Goiânia, Luís Carlos (PL), este ano.
Essa é a acusação: abuso de poder político, pelo uso do Palácio das Esmeraldas, sede do governo, em festa de Caiado de apoio à candidatura de João Pedro logo após o primeiro turno das eleições municipais.
O que vai acontecer? Caiado não poderá concorrer em 2026 ao Palácio do Planalto? Apesar de a condenação estar nas manchetes de todos os jornais e ser noticiada de forma enviesada pelo Jornal Nacional, talvez não aconteça nada. Porque a decisão não é, como a maioria noticiou, incluindo o JN, uma sentença do Tribunal Regional Eleitoral.
É uma condenação de primeira instância, certamente tomada por uma juíza que não teme a cara feia da extrema direita goiana. O TRE ainda não entrou na questão. Vai entrar quando os condenados apresentarem recurso.
E aí acontecerá o que acontece como regra em todos os TREs do país. Direita e extrema direita escapam quase sempre. Em Santa Catarina, no Paraná, no Rio Grande do Sul, em toda parte.
Caiado e João Pedro deverão ganhar de goleada, quando o recurso for apreciado pelo colegiado do TRE, que tem sete desembargadores. E em Brasília? Em Brasília, no TSE, em caso julgado esse ano, Sérgio Moro foi absolvido por abuso de poder econômico. E o caso do senador bolsonarista catarinense Jorge Seif, também pelo mesmo delito – e envolvendo o véio da Havan –, que deveria ter sido julgado em abril, está dentro de uma gaveta.
Podem dizer que nem sempre direita e extrema direita vencem. Sim, podem dizer que há sempre a exceção e às vezes a direita é enquadrada, como aconteceu com Bolsonaro, um caso à parte e único.
Mas, como até o estagiário do Supremo e o Zé do Bode sabem, exceção existe para provar que existe a regra. Caiado e João Pedro devem estar dando risada das manchetes que anunciam um problemão que ainda não existe.
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