François Bayrou foi destituído em uma moção de confiança após apenas nove meses como primeiro-ministro da França, levando seu governo ao colapso e mergulhando a França em uma crise política.
Agora, o presidente francês Emmanuel Macron enfrenta o desafio de nomear seu terceiro primeiro-ministro em apenas um ano, e o quinto desde que iniciou seu segundo mandato em 2022. Seu gabinete disse que ele tomaria a decisão “nos próximos dias”.
Bayrou foi derrubado quando 364 deputados votaram pela desconfiança no governo. Apenas 194 deram seu voto de confiança. O próprio Bayrou havia convocado a votação como uma aposta de última hora para obter apoio, dizendo que precisava do respaldo do parlamento para as medidas de austeridade destinadas a reduzir a dívida pública.
Em um discurso no parlamento antes da votação, Bayrou disse que a França estava sob a ameaça de seu “inexorável pântano de dívida” e que deveria encontrar um “compromisso” sobre o orçamento. Ele afirmou que, se não fosse alcançado um entendimento e consenso “mínimo” no parlamento dividido, a “ação do governo estaria fadada ao fracasso”.
Tanto a esquerda quanto a extrema direita se colocaram contra a permanência de Bayrou. Marine Le Pen, principal líder da extrema direita e integrante do Reunião Nacional, disse aos deputados que a saída de Bayrou era “o fim da agonia de um governo fantasma”.
Le Pen, que em março foi considerada culpada pelo desvio de fundos do parlamento europeu através de um esquema de empregos fantasmas e proibida de concorrer a cargos públicos por cinco anos, disse que Macron deve convocar uma eleição parlamentar imediatamente, mesmo que isso signifique que ela não possa concorrer novamente a seu assento no norte da França.
Mathilde Panot, do partido de esquerda França Insubmissa, disse que Bayrou foi “severamente derrotado”. Ela acrescentou: “Ele queria sua hora da verdade; ele a teve”.
Panot disse que, como apenas um terço do parlamento deu sua confiança a Bayrou, as políticas econômicas de Macron tinham apoio minoritário e ele também deveria renunciar. O presidente, cujo mandato termina em 2027, sempre descartou a possibilidade de sair.
Como chefe de Estado com autoridade sobre política externa e segurança nacional, Macron nomeia diretamente um primeiro-ministro para gerir os assuntos internos. Mas desde a eleição do ano passado não há maioria absoluta na assembleia nacional, o que cria um tipo de impasse político e desacordo sobre o orçamento. Isso significa que não há certeza de que um novo primeiro-ministro estaria a salvo de ser destituído.
O governo de Bayrou sempre foi instável porque foi instituído por meio de um golpe. Macron se negou a indicar um candidato de consenso com a extrema direita e com a esquerda, que tinham conquistado mais cadeiras que o partido governista. A situação piorou ainda mais com a insistência do burocrata em levar adiante uma política de austeridade duríssima, preparando a França para a guerra da União Europeia contra a Rússia.
Bayrou é o segundo primeiro-ministro a cair desde a eleição antecipada de junho do ano passado — o direitista Michel Barnier foi destituído após apenas três meses em dezembro. Bayrou se tornou o primeiro-ministro francês mais impopular desde 1958.