No programa Café PT desta segunda-feira (20), a professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Bárbara Coelho, analisou as novas definições da Meta, empresa que controla as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp. Recentemente, a empresa anunciou que romperá contratos com empresas de verificação de conteúdo nos Estados Unidos, o que levanta inquietações sobre os impactos sociais, políticos e econômicos em outros países, como o Brasil.

“Essa decisão é profundamente preocupante, pois tem implicações que vão muito além das redes sociais,” afirmou. A verificação de conteúdo é uma ferramenta essencial para combater fake news, que podem corroer a confiança nas instituições democráticas e fomentar a polarização social.

A retirada dos verificadores significa que informações falsas poderão circular com menos restrição, favorecendo grupos que promovem discursos de ódio e polarização. “Sabemos que as fake news são utilizadas como estratégia de manipulação, e essa decisão facilita sua disseminação irrestrita,” alertou.

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Alinhamento com governos de extrema-direita

O anúncio acontece em um momento crítico, com a volta de Donald Trump, político de extrema-direita, ao poder nos Estados Unidos, o que levanta suspeitas de alinhamento estratégico. 

“A Meta parece estar respondendo a pressões políticas e criando um ambiente de instabilidade que favorece grupos reacionários”, avaliou Bárbara. Ela enfatiza que plataformas como Facebook e Instagram podem se tornar espaços ainda mais hostis, permitindo a disseminação de discursos antidemocráticos.

A pesquisadora destacou a importância da soberania digital dos países, garantindo que cada nação possa impor suas regras e regulamentos às big techs. “O Brasil precisa estar atento e garantir que a Meta cumpra as leis locais”, afirmou. A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou à empresa que respeite a legislação brasileira, assegurando que as mudanças nos Estados Unidos não afetem a moderação de conteúdo por aqui.

Um exemplo recente da necessidade dessa regulação ocorreu com a disseminação de um vídeo falso sobre a suposta taxação do PIX, publicado pelo deputado de extrema direita Nikolas Ferreira. “O governo teve que reagir rapidamente para conter os danos, mas combater a desinformação sempre requer um esforço muito maior”, comentou.

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O papel do Congresso Nacional

Bárbara Coelho reforçou também a necessidade urgente da aprovação do Projeto de Lei 2630, também conhecido como PL das Fake News. “Precisamos de uma legislação que estabeleça regras claras para as plataformas digitais e proteja a democracia”, disse. O projeto, que está parado no Congresso Nacional, visa responsabilizar as big techs pelo conteúdo compartilhado em suas redes.

“A falta de regulamentação favorece aqueles que se beneficiam da desinformação. O Congresso precisa agir rapidamente para garantir a segurança do ambiente digital no Brasil”, afirmou.

Outro ponto destacado é a necessidade de maior transparência das redes sociais. “As plataformas devem informar claramente como seus algoritmos funcionam e como eles impactam a disseminação de informações”, explicou. Sem isso, discursos de ódio e fake news têm maior alcance, aumentando a polarização social.

A pesquisadora também enfatizou o papel do usuário no combate à desinformação. “Evite compartilhar conteúdo sem verificar sua procedência. Denuncie posts suspeitos tanto nas redes sociais quanto aos órgãos competentes”, recomendou.

E ressaltou ainda que o combate à desinformação não deve ser responsabilidade exclusiva do governo. “É necessário um esforço conjunto entre governo, sociedade civil e empresas de tecnologia para criar um ambiente digital mais seguro,” concluiu.

Da Redação

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Last Update: 20/01/2025