A primeira apresentação em São Paulo de Caetano Veloso e Maria Bethânia, da turnê Caetano & Bethânia, neste sábado 14, foi debaixo de uma garoa persistente. O show de cerca de 2 horas teve no repertório 40 canções, sendo 22 assinadas por Caetano Veloso.

Os irmãos percorrem diferentes fases da carreira, da Tropicália ao Doces Bárbaros, passando pelo repertório marcante de ambos dos anos 1970 e 80, as interpretações de outros compositores, sambas-enredos em que foram homenageados na Mangueira, saudações a Gal Costa e canto de louvor. Um set list para lá de eclético.

O espetáculo abre com Alegria, Alegria (Caetano Veloso), canção marco da Tropicália. Na sequência, Os mais Doces Bárbaros (Caetano Veloso), do trabalho do grupo integrado pelos irmãos e mais Gal Costa e Gilberto Gil.

Depois, Motriz, Não identificado – sucesso na voz da Gal – e A Tua Presença Morena, todas de Caetano Veloso. O show segue e pisa forte na Bahia, com Samba de Dois-Dois, samba de roda espetacular de Roque Ferreira com interpretação à altura.

Milagre do Povo é a próxima, composição de Caetano Veloso que referencia Jorge Amado. A apresentação segue com os pés na Bahia, com Filhos de Ghandi (Gilberto Gil) e Dedicatória (Caetano Veloso), música à Mãe Menininha do Gantois.

Após, Eu e a Água (Caetano Veloso). O show volta à Tropicália, com a canção-manifesto de mesmo nome de Caetano e Marginália II (Gilberto Gil e Torquato Neto).

A interpretação de Um Índio (Caetano Veloso), com imagens de indígenas, é parte emocionante do show. Em seguida, Cajuína, forró de Caetano Veloso) em homenagem a Torquato Neto.

Caetano Veloso fica então só no palco e interpreta Sozinho (Peninha) e a clássica O Leãozinho (Caetano Veloso) só no violão. Depois, Você Não me Ensinou a Te Esquecer (Fernando Mendes e José Wilson), sucesso no filme Lisbela e o Prisioneira (2003).

Ainda sem Bethânia ao lado, Caetano interpreta um de suas obras-primas: Você é Linda. Seu set exclusivo termina com o polêmico Deus Cuida de Mim.

Maria Bethânia agora é quem fica sozinha no palco e interpreta os sucessos arrebatadores em sua voz: Brincar de Viver (Guilherme Arantes e John Lucien), Explode Coração (Gonzaguinha) e As Canções que Você Fez para Mim (Erasmo Carlos e Roberto Carlos).

Ela ainda canta no seu set exclusivo Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos) e Vida (Chico Buarque).

Caetano e Bethânia voltam a cantar juntos no palco e exaltam a escola de samba Mangueira com Sei Lá Mangueira (Hermínio Bello de Carvalho e Paulinho da Viola), o samba-enredo inesquecível Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai que já Morreu (1994) em homenagem aos Doces Bárbaros, e A Menina dos Olhos de Oyá – samba-enredo de 2016 dedicado a Bethânia. E ainda cantam Exaltação à Mangueira (Enéas Brites e Aloísio da Costa) e Onde o Rio É Mais Baiano (Caetano Veloso).

Na sequência, Baby (Caetano Veloso) homenageia Gal Costa. “O mais perfeito eco da bossa nova e que suplantou a mais bela versão do que havia de neorock and roll no Tropicalismo. Gal para sempre”, fala ao público Caetano. Eles cantam outro clássico na voz de Gal: Vaca Profana (Caetano Veloso). Também parte emocionante por toda carga que a cantora representa aos irmãos.

O show prossegue com O Quereres (Caetano Veloso) e Gita (Paulo Coelho e Raul Seixas). Entra então a canção Fé, do repertório da cantora Iza, confirmando de vez um show de repertório eclético.

A obra-prima Reconvexo (Caetano Veloso) ecoa no estádio, avisando que o espetáculo está chegando ao fim. Entra ainda a música Tudo de Novo (Caetano Veloso).

O show encerra com a esperada Sampa, a eterna homenagem de Caetano a São Paulo, e outra obra-prima do baiano, a primorosa canção em letra e melodia Odara, com direito a solo da banda no final com a emblemática canção.

A banda é impecável: Joana Queiroz (sopros), Marlon Sette (trombone), Diogo Gomes (trompete), Jane Magalhães, Jenni Rocha, Fael Magalhães (coral), Paulinho Dafilin (viola e violão), Rodrigo Tavares (teclados), Jorge Helder (direção musical, arranjos e baixo), Kainã do Jêje (bateria e percussão), Lucas Nunes (direção musical, violão e guitarra), Thiaguinho da Serrinha (percussão) e Pretinho da Serra (participação especial na percussão).

É um espetáculo fulgurante de duas peças centrais de nossa música. Uma celebração heterogênea de dois artistas espetaculares da nossa cultura.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 15/12/2024