Segundo reportagem publicada nessa semana pelo portal G1, diversos “especialistas” em contas públicas vêm pressionando por uma nova rodada de cortes no orçamento — o que, na prática, significa aprofundar o arrocho sobre a população.
Implementado em 2023, o arcabouço fiscal substituiu o antigo teto de gastos com a promessa de estabelecer uma “regra mais flexível”, ao permitir o crescimento das despesas primárias em até 2,5% acima da inflação. No entanto, essa margem limitada não é, nem de longe, suficiente para que o governo tome iniciativas importantes para o desenvolvimento nacional. Na prática, o novo marco fiscal já obrigou o governo a cortar gastos essenciais. Entre os exemplos, está a imposição de um teto para o crescimento real do salário mínimo e o pente-fino no Bolsa Família e em benefícios previdenciários e assistenciais.
O secretário de Orçamento Federal, Clayton Montes, admitiu que, em 2027, o governo poderá enfrentar um “apagão” orçamentário: faltarão R$10,9 bilhões para despesas discricionárias — ou seja, gastos com políticas públicas como Farmácia Popular, Pronatec, emissão de passaportes, bolsas de pesquisa e investimentos em infraestrutura.
Apesar disso, os “economistas” ouvidos pela matéria do G1 defendem justamente o contrário do que a crise exige: querem ampliar os cortes. Para Marcus Pestana, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, a situação, “a partir de 2027, fica insustentável”, e o próximo presidente precisará promover uma “profunda reforma fiscal”. Pestana aponta que as despesas obrigatórias estão “sufocando” os gastos discricionários e que, sem mudanças, a dívida continuará a crescer. Quanto à Dívida Pública, que drena os recursos do Estado para os bancos, os “especialistas” não dão um pio.
Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro Nacional, afirma que só para manter o nível mínimo de despesas discricionárias previsto para 2026, seria necessário um pacote de corte de gastos obrigatórios “três vezes maior” do que o já anunciado em 2024 — o famigerado Plano Haddad, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O modelo econômico projetado por esses “especialistas” é o da Argentina de Javier Milei: um regime de arrocho brutal, com desmonte de políticas públicas, paralisação de serviços essenciais e ataques contínuos aos direitos sociais. Tudo isso para manter o pagamento bilionário da dívida pública e satisfazer os interesses do capital financeiro.