O jornal americano “The Washington Post” afirma que o “bullying de Trump contra o Brasil está saindo pela culatra”. A frase foi usada pelo colunista Ishaan Tharoor ao analisar as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Segundo o jornal, a tentativa de pressionar o governo Lula (PT) serviu apenas para fortalecer o presidente brasileiro e prejudicar a imagem dos EUA.
O artigo destaca que “as ameaças tarifárias de Trump levaram outros países da região a se curvarem em direção a Washington”, mas que “a economia brasileira é maior e mais diversificada do que a de seus vizinhos”.
Além disso, o jornal aponta que os EUA “têm um superávit comercial significativo” com o Brasil e que “a Casa Branca não escondeu sua verdadeira agenda: a suspensão dos processos judiciais contra Bolsonaro, bem como medidas punitivas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes”.
Na última sexta-feira (18), o governo Trump suspendeu os vistos de Moraes, de outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral Paulo Gonet. A medida veio após a Polícia Federal (PF) determinar o uso de tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro (PL), sob suspeita de planejar fuga para os EUA.
“É difícil conceber uma ação que o governo Trump possa tomar na relação EUA-Brasil que seja mais prejudicial à credibilidade dos EUA na promoção da democracia do que sancionar um juiz da Suprema Corte de um país estrangeiro por não gostarmos de suas opiniões judiciais”, disse um funcionário do Departamento de Estado ao jornal, sob anonimato.
O texto afirma ainda que Lula saiu fortalecido com o confronto. Pesquisas apontam aumento no apoio ao petista diante da intimidação americana. “As tarifas também prejudicam os interesses das elites empresariais, que costumam ser os maiores impulsionadores da oposição conservadora a Lula”, diz o texto.
“O Papai Noel chegou cedo para o presidente Lula, e o presente foi enviado por Trump por meio desse ataque desajeitado à soberania do Brasil, a fim de proteger um aspirante a ditador e um claro perdedor”, afirmou um diplomata brasileiro ao jornal, sob condição de anonimato.
“Agora, não apenas parte de seus eleitores, mas especialmente seu outrora forte eleitorado nas comunidades financeira e empresarial está se voltando contra eles.”
