
Por Vytoria Pachione
Da Página do MST
Como parte da programação da primeira etapa da Brigada Nacional Oziel Alves da Região Centro-Oeste do MST, neste domingo (31), cerca de 80 militantes do MST entre acampados/as, assentados/as e integrantes da Equipe Pedagógica do curso, visitaram a comunidade quilombola Antinha de Baixo, localizada no município de Santo Antônio do Descoberto, em Goiás.
A visita expressa a solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com a comunidade, que vem sofrendo graves ameaças de despejo e repressão por parte da família Caiado, ligada ao atual governador do estado, Ronaldo Caido, que tem relação direta ao coronelismo, a concentração de terras, o uso de trabalho escravo e a concentração de poder político em GO.
Nos últimos meses, as casas e roças da comunidade foram alvo de destruição por máquinas, e no dia 28 de julho, foi expedido um mandado de desocupação compulsória da comunidade, que ameaça diretamente cerca de 400 famílias que vivem e tiram o seu sustento do local.


Os Sem Terra se deslocaram de territórios da Reforma Agrária dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Entorno para participar das atividades da brigada.
Resistência quilombola
A comunidade Antinha de Baixo descende de trabalhadoras e trabalhadores negros escravizados durante o período da mineração aurífera em Santa Luzia, nos séculos XVIII e XIX. O tronco de origem corresponde às famílias de pessoas escravizadas com o sobrenome Pereira Braga que, após a abolição da escravidão, ocuparam terras em diversas áreas da antiga cidade de Santa Luzia.



Reconhecendo-se como descendentes do Quilombo Mesquita, a comunidade mantém características quilombolas marcantes, como a origem comum, história compartilhada, organização social própria e laços de parentesco profundamente vinculados ao território. Trata-se de um espaço vivo de produção e cultura, que guarda a memória da luta de gerações pela terra e pela liberdade.
Solidariedade e compromisso com a resistência
Durante a visita, os brigadistas puderam vivenciar de perto os processos de resistência da comunidade e reafirmaram o compromisso histórico do MST com a defesa dos territórios tradicionais e o enfrentamento às injustiças.


A visita, também chamada de dia de campo, à Comunidade Antinha de Baixo foi fundamental para reconectar os/as trabalhdores/as do MST com a nossa ancestralidade. A luta dessa comunidade é também a nossa luta, pois defender os quilombos é defender a vida, a produção e a dignidade do povo brasileiro. Além disso, reforça a compreensão de que a luta pela Reforma Agrária Popular também está ligada à defesa de todos os territórios camponeses, indígenas e quilombolas que enfrentam ameaças de expulsão, exclusão e violência do latifúndio.
*Editado por Solange Engelmann