O presidente Lula (PT) afirmou que é necessário “defender o regime multilateral de comércio” em tempos de ressurgimento do “protecionismo” durante a abertura do Fórum Empresarial dos Brics, que faz parte da 17ª cúpula do bloco.
Sem Xi Jinping e sem Vladimir Putin em sua cúpula no Rio de Janeiro, o Brics buscará impor seu peso em um mundo conturbado pelas políticas de Donald Trump, mas a cautela deve prevalecer entre vários países-membros para não prejudicar as relações com os Estados Unidos.
Com forte presença das Forças Armadas, a capital fluminense acolherá neste domingo 6 e na segunda-feira a reunião anual do grupo de 11 países – que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e juntos representam quase metade da população do planeta e cerca de 40% do PIB mundial.
Durante seu discurso, Lula ainda destacou – sem citar nomes – que “não haverá prosperidade em um mundo conflagrado”. “O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo. É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossas sociedades”, afirmou.
“Estou certo de que este Fórum e a Cúpula do Brics que se inicia amanhã aportarão soluções. Ao invés de barreiras, promovemos integração. Contra a indiferença, construímos solidariedade”, completou o presidente.
A reunião de chefes de Estado ocorre amanhã (6) também no Rio de Janeiro.
O primeiro-ministro Li Qiang substituirá Xi, enquanto Putin pode participar de modo virtual, segundo Moscou.
O presidente iraniano Masoud Pezeshkian, no foco da atenção pela recente escalada bélica com Israel e Estados Unidos; e o egípcio Abdel Fattah al Sissi também faltarão à cúpula, disse à AFP uma fonte do governo brasileiro.
Além da guerra no Oriente Médio, a reunião estará marcada pelas tensões tarifárias, outra frente na qual Trump desafia a diplomacia dos países emergentes.
‘Reforço do multilateralismo’
A busca de uma alternativa ao dólar para o comércio entre os membros, que durante algum tempo esteve sobre a mesa, hoje parece descartada.
‘Desdolarização’ se tornou uma “palavra proibida” para o Brics, depois que Trump ameaçou os países-membros com tarifas de 100% se avançassem nessa ideia.
A Presidência brasileira busca consensos em temas como a luta contra a mudança climática – chave para o país, que este ano receberá a COP30 em Belém (PA) –, a governança da inteligência artificial e a reforma das organizações multilaterais.
*Com informações da AFP