Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Brasil, Lula. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O jornalista Breno Altman criticou a crise diplomática criada pelo governo Lula com a gestão de Nicolás Maduro na Venezuela e afirmou que o Itamaraty tem se posicionado “como xerife das disputas internas no país vizinho”.

Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, ele aponta que Maduro sempre foi contrário a movimentos antidemocráticos no Brasil e que o país está “do lado errado da história” num momento em que o país vizinho sofre com ameaças fascistas e agressões externas.

Para Altman, ao enviar embaixadora Glivânia Oliveira à posse de Maduro, o governo “dá um tímido primeiro passo para voltar aos trilhos”. Leia trechos:

Com a posse do presidente venezuelano para um terceiro mandato, nesta sexta (10), volta à baila o imbroglio diplomático no qual se meteu o governo Lula quando resolveu negar reconhecimento à reeleição de Nicolás Maduro, ocorrida no dia 28 de julho de 2024.

Além de reforçar a posição de inimigos do chavismo, mesmo assumindo tom mais moderado, também resolveu punir o aliado histórico, vetando seu ingresso no Brics.

(…) O governo brasileiro atropelou, nesse episódio, o princípio da autodeterminação de povos e nações, arrogando-se juiz de processo eleitoral alheio, para o que não tinha qualquer autoridade delegada: o Brasil não fez parte do Acordo de Barbados sequer como facilitador e o papel de “testemunha”, reivindicado pelo Itamaraty, inexiste nos termos desse pacto.

(…) O presidente Lula, em diversas entrevistas, afirmou respeitar incondicionalmente as instituições das demais nações, até como preceito de proteção à soberania brasileira. Ainda assim, apesar da Corte Suprema venezuelana já ter emitido veredito definitivo sobre a corrida presidencial, o Itamaraty não desiste de se posicionar como xerife das disputas internas no país vizinho.

(…) O mandatário venezuelano jamais hesitou em oferecer solidariedade contra os movimentos antidemocráticos verde-e-amarelos, do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff à intentona bolsonarista. Não é razoável, quando novamente seu país se vê às voltas com o fascismo interno e a agressão externa, que o Brasil esteja do lado errado da história.

No mais, sem a retomada da aliança com a Venezuela, o governo Lula provavelmente será incapaz de impulsionar uma coalizão regional que possa servir de base e escudo para os próprios interesses nacionais. Essa empreitada depende, na atualidade, do quarteto formado por Brasil, México, Colômbia e Venezuela. Divididos, esses países não irão longe.

Ao se fazer representar, na posse de Nicolás Maduro, pela embaixadora residente, segundo está anunciado, o governo brasileiro dá um tímido primeiro passo para voltar aos trilhos, recuperar o tempo perdido e se colocar, nesse tema, à altura dos desafios que vivemos.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 10/01/2025