
Por Ana Oliveira
Pragmatismo Político
A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após cair em um abismo durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, desencadeou uma onda de protestos virtuais. Milhares de brasileiros têm invadido os perfis oficiais do governo indonésio em diferentes redes sociais para expressar indignação com o que consideram um caso grave de negligência no socorro à jovem.
Juliana ficou à espera de resgate por cinco dias em uma área de difícil acesso, sem receber sequer itens básicos de sobrevivência, como comida, água ou cobertor. Desde a confirmação de sua morte, frases como “A Indonésia não respeita os turistas” e “Não visitem a Indonésia” passaram a ser replicadas massivamente por usuários brasileiros nas publicações institucionais do país asiático.
“Irresponsabilidade, descaso, incompetência e má vontade. Uma brasileira morreu e vocês não fizeram NADA! Sintam MUITA vergonha! Vocês, por meio do descaso, mataram uma cidadã brasileira, que morreu sozinha e com frio. Absurdo e revoltante!”, escreveu um internauta em tom de desabafo.
A indignação generalizada é agravada por comparações com o Brasil. Muitos apontam que, se a situação fosse inversa, com um turista estrangeiro enfrentando risco de morte em território brasileiro, a mobilização seria imediata e solidária.
“Se algum de vocês caísse num penhasco aqui no Brasil, ou acontecesse qualquer coisa, nós brasileiros já teríamos resgatado há muito tempo. Aqui no Brasil todos somos solidários”, criticou outro usuário.
A última publicação do perfil oficial da República da Indonésia, feita há dois dias, já ultrapassa 14 mil comentários, quase todos de brasileiros exigindo explicações e pedindo justiça.
LINHA DO TEMPO DO CASO JULIANA MARINS
Sexta-feira, 20 de junho
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19h (horário de Brasília) – Durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, Juliana Marins caiu em um abismo de cerca de 300 metros. Ela integrava um grupo acompanhado por um guia, mas ficou para trás após relatar cansaço. Pouco depois, turistas utilizaram um drone e conseguiram localizá-la presa em uma fenda, sem agasalho e com dificuldades de locomoção.
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22h – A família de Juliana foi avisada do acidente por turistas espanhóis que, ao encontrarem seu perfil nas redes sociais, conseguiram contato com uma amiga da jovem.
Sábado, 21 de junho
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11h40 – A família recebeu a informação de que socorristas haviam chegado à região onde Juliana estava. Segundo o comunicado, teriam fornecido água e comida, mas não conseguiram retirá-la devido ao terreno acidentado e ao mau tempo. Um vídeo supostamente mostrando o local foi compartilhado com os parentes.
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Mais tarde – Dias depois, a família descobriu que o vídeo era falso e que Juliana nunca havia recebido alimentos, agasalhos ou qualquer tipo de atendimento no local.
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Durante o dia – O Parque Nacional do Monte Rinjani divulgou nota oficial confirmando que Juliana havia caído e estimando sua localização entre 150 e 200 metros de profundidade.
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17h10 – Foi o último momento em que Juliana foi avistada visualmente por meio de drone.
Domingo, 22 de junho
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Madrugada – A família foi informada de que a informação anterior, de que Juliana havia recebido ajuda, era falsa. Às 3h30, divulgou nota expressando preocupação com as inconsistências nas comunicações das autoridades indonésias.
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Durante a madrugada – A embaixada brasileira comunicou que as buscas haviam sido retomadas, mas a família relatou que as condições climáticas impediram qualquer avanço.
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Fim da manhã – Familiares anunciaram que as buscas haviam sido suspensas oficialmente devido à forte neblina na região.
Segunda-feira, 23 de junho
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Madrugada – As operações de busca foram retomadas com o uso de drones térmicos e presença de diplomatas brasileiros.
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5h (horário de Brasília) – Juliana foi novamente localizada, aparentemente imóvel, a cerca de 500 metros de profundidade.
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11h36 – Dois alpinistas experientes se integraram à equipe de resgate, com novos equipamentos. O parque confirmou que Juliana permanecia no penhasco, sem apresentar sinais de movimento.
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23h37 – As equipes conseguiram descer 400 metros, mas estimaram que Juliana estava ainda mais abaixo — aproximadamente 1.050 metros da superfície, sendo necessário descer mais 650 metros para alcançá-la.
Terça-feira, 24 de junho
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5h42 – A família foi oficialmente informada de que a área do acidente havia sido interditada para turistas e curiosos, medida que só foi adotada quatro dias após a queda.
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6h40 – Manoel Marins, pai de Juliana, embarcou para a Indonésia após enfrentar dificuldades logísticas por conta de restrições aéreas decorrentes do conflito no Oriente Médio.
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11h (Brasília) – A família confirmou oficialmente que o corpo de Juliana havia sido encontrado sem vida pelas equipes de resgate.
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