
Uma embarcação da missão internacional Flotilha da Liberdade, carregada com alimentos, remédios e água potável destinados à população sitiada da Faixa de Gaza, foi atingida por drones do exército de Israel na madrugada desta sexta-feira (2), em plena navegação por águas internacionais. A denúncia foi feita por membros da própria tripulação e por organizações ligadas aos direitos humanos e à causa palestina.
Entre os cerca de 30 tripulantes estava o brasileiro Thiago Ávila, ativista conhecido por sua atuação em movimentos internacionais de solidariedade. Em vídeo publicado nas redes sociais, Ávila descreveu o drama vivido a bordo:
“Nossa missão foi atacada esta noite. Nosso barco foi bombardeado por drones e ficou em chamas e com um buraco. As pessoas agora estão pedindo um resgate e até agora esse resgate não chegou. Já se passam oito horas desde o ataque”.
O ataque ocorreu por volta das 00h30 do horário de Malta (19h30 de quinta-feira no horário de Brasília), nas proximidades da ilha mediterrânea. No vídeo, Ávila relata que até aquele momento – cerca de oito horas após o bombardeio –, nenhuma equipe de resgate havia chegado ao local, aumentando o risco de naufrágio. Estima-se que a gravação tenha sido feita por volta de 3h no horário de Brasília, e não se sabe quando o socorro chegou.
Mais cedo, o governo de Malta havia informado que a tripulação da Flotilha da Liberdade se recusou a ser transferida para um rebocador, após contato com os Serviços de Tráfego Marítimo de Malta. Segundo a versão oficial, a transferência foi recusada, mesmo com o rebocador tendo conseguido apagar o fogo que havia atingido a embarcação.
Ainda segundo Thiago Ávila, a missão não violava qualquer norma ou tratado e tinha como único objetivo prestar ajuda humanitária à população palestina, que vive sob cerco. Ele apelou à comunidade internacional:
“Pedimos a todos os governos, de todos os países, que, primeiro, peçam um resgate; segundo, que todos os governos e as pessoas do mundo todo se mobilizem contra o bloqueio total que acontece em Gaza. Missões humanitárias, não violentas, como a Flotilha da Liberdade, só existem porque Gaza está sob bloqueio, com sede, com fome”.
A ação militar israelense representa uma violação flagrante do direito internacional e das convenções marítimas, já que a embarcação se encontrava em águas internacionais e não apresentava qualquer ameaça militar. Tampouco houve aviso prévio por parte das forças armadas de Israel.
Essa agressão se soma a uma série de ações classificadas por entidades de defesa dos direitos humanos como crimes de guerra e crimes contra a humanidade, cometidos pelo governo israelense no contexto do bloqueio e bombardeio contínuo à Faixa de Gaza.