Caroline Dias Gonçalves é bolsista de enfermagem na Universidade de Utah. Foto: Arquivo pessoal

No domingo (16), Dia dos Pais nos Estados Unidos, a brasileira Caroline Dias Gonçalves, 19, não pôde celebrar com a família em Utah, onde vive desde os sete anos. Detida em 5 de junho pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), ela foi presa após uma abordagem por infração de trânsito enquanto dirigia até Denver, no Colorado.

Segundo a BBC, a brasileira é bolsista no curso de enfermagem da Universidade de Utah. Ela está presa no centro de imigrantes de Aurora e deve passar por audiência nesta quarta-feira (18).

Gaby Pacheco, CEO da organização TheDream.US, que oferece bolsas de estudo para jovens imigrantes,  afirma que Caroline foi parada por dirigir “próxima demais” de um caminhão. Após ser liberada com um aviso, pouco depois foi abordada novamente, desta vez por um agente do ICE.

“Ela tinha uma habilitação válida”, afirmou Pacheco. O advogado da jovem, Jonathan M. Hyman, confirmou à imprensa que ela está presa desde então, e destacou a expectativa da defesa pela liberação mediante pagamento integral de fiança.

A prisão ocorre em meio ao recrudescimento da política imigratória sob o segundo mandato de Donald Trump. Dados apontam que o número de detidos pelo ICE ultrapassou 51 mil em junho — o maior índice desde 2019.

Autoridades americanas alegam que as ações são voltadas a criminosos, mas muitos presos, como Caroline, não têm antecedentes. A família, que aguarda decisão sobre um pedido de asilo feito há três anos, teme agora também ser alvo de investigações e evita falar com a imprensa.

Caroline Dias Gonçalves (19) mora nos Estados Unidos desde os 7 anos. Foto: Arquivo pessoal

Megan Clark, amiga de Caroline, contou que a brasileira visitaria amigos no Colorado e compartilhou a localização do celular com ela. Durante a viagem, a vítima falava com outra amiga por viva-voz e relatou a abordagem policial, que teria envolvido perguntas sobre seu local de nascimento. Após isso, foi novamente parada e não foi mais localizada.

Caroline conseguiu fazer contato com a família dois dias depois, informando sua detenção. Desde então, a jovem fala com os pais por telefone, a partir do centro de detenção, e conta que divide a cela com 17 mulheres, em sua maioria latinas. Segundo Megan, Caroline tem dificuldades com a comida e com a comunicação, já que a maioria das detentas fala apenas espanhol.

Amigos organizaram campanhas de arrecadação para cobrir despesas legais e garantir apoio à estudante durante o processo. A organização TheDream.US também divulgou um abaixo-assinado em apoio à libertação de Caroline, que já conta com mais de 1,8 mil assinaturas.

A imprensa local afirma que a prisão de Caroline deve ser investigada por possível irregularidade na cooperação entre a polícia e agentes de imigração. Hyman diz que ela foi detida sem mandado ou investigação criminal.

O Itamaraty informou que ainda não foi contatado pela família, mas buscará mais informações após ser informado pela imprensa. O gabinete do xerife do Colorado declarou que uma investigação administrativa será conduzida para avaliar o procedimento dos agentes locais.

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Last Update: 17/06/2025