O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou nesta terça-feira (29), em discurso nas Nações Unidas, que o Brasil decidiu suspender imediatamente as exportações de equipamentos militares para Israel, em resposta à escalada genocida contra os palestinos na Faixa de Gaza. 

A medida integra um conjunto de ações brasileiras contra as violações sistemáticas de direitos humanos praticadas pelo governo israelense.

Em sua intervenção na conferência da ONU, Vieira declarou que “o Brasil não vai tolerar a impunidade”, denunciando as “intoleráveis violações diárias dos direitos humanos” que ocorrem na Palestina. 

O ministro descreveu a situação em Gaza como um cenário “onde a essência da humanidade está sendo enterrada”, ressaltando o impacto das imagens chocantes de crianças famintas e civis mortos enquanto aguardavam distribuição de alimentos.

Além do embargo militar, o governo brasileiro decidiu aderir formalmente ao processo movido pela África do Sul contra Israel por genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia. 

O chanceler anunciou ainda um bloqueio das importações brasileiras de produtos originários de territórios palestinos ocupados ilegalmente por Israel, medida acompanhada de uma fiscalização rigorosa para garantir que o comércio nacional não contribua com as violações israelenses.

O Brasil também apoiará uma missão internacional da ONU para investigar as denúncias de apartheid praticado por Israel, ao mesmo tempo em que garantirá suporte técnico à Autoridade Palestina para a construção de um Estado soberano e viável. 

Além disso, assumirá a presidência da Comissão Consultiva da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), reforçando seu protagonismo diplomático no conflito.

As sanções anunciadas por Vieira são continuidade de medidas anteriores tomadas pelo governo Lula diante do agravamento das políticas israelenses sob a liderança de Benjamin Netanyahu. 

Em agosto de 2024, o ministério da Defesa já havia suspendido a compra de 36 blindados israelenses, evidenciando um crescente afastamento diplomático.

Desde então, o Brasil está há mais de um ano sem aceitar a nomeação de um novo embaixador israelense no país, após um episódio em que Tel Aviv tentou constranger publicamente o representante brasileiro. 

O movimento demonstra um endurecimento claro da posição do governo Lula contra as práticas do governo Netanyahu.

Ao assumir um papel de destaque na defesa do direito internacional e da solução de dois Estados, o Brasil fortalece sua interlocução global, alinhado a países como França, Canadá e Reino Unido, que recentemente anunciaram reconhecimento formal do Estado Palestino. 

Nas palavras de Vieira, “não há paz sem justiça, e não há justiça sem responsabilização. O sofrimento do povo palestino não pode mais ser ignorado”, declarou o chanceler, reforçando o compromisso brasileiro com a justiça internacional e o fim da impunidade israelense.

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Last Update: 01/08/2025