O ano de 2024 registrou um crescimento no número de pequenas empresas no Brasil. Segundo Paulo Roberto, presidente do Sebrae Nacional, “os pequenos negócios têm mantido um papel relevante na economia brasileira, gerando empregos e fortalecendo o mercado interno”.
O cenário econômico do país também favoreceu o ambiente de negócios. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e maior acesso ao crédito contribuíram para os resultados positivos observados ao longo do ano.
Crédito amplia oportunidades para pequenos negócios
Até outubro, o Programa Acredita destinou R$ 2,3 bilhões aos pequenos negócios por meio de 38 mil operações de crédito. Esse montante representa um aumento de 72% em relação ao ano anterior. Além disso, o programa realizou 280 mil atendimentos com crédito assistido, somando 60 mil horas de consultoria e 400 mil horas de capacitação.
Segundo Paulo Roberto, o crédito tem permitido que os empreendedores não apenas enfrentem desafios, mas também expandam suas atividades. Ele destacou que essas ações fortalecem as bases econômicas locais e incentivam a geração de empregos.
Expectativas para a COP 30 e para 2025
O presidente do Sebrae também comentou sobre a importância do Brasil sediar a COP 30 em 2025. Para ele, o evento pode criar oportunidades para os pequenos negócios se adaptarem às mudanças climáticas e aproveitarem mercados relacionados à sustentabilidade.
Paulo Roberto ressaltou que, ao incorporar práticas mais sustentáveis, as empresas podem se posicionar melhor no cenário global. Ele destacou o papel do Sebrae em apoiar os pequenos negócios nesse processo de transformação.
Veja os principais pontos da entrevista de Paulo Roberto para a Agência Sebrae de Notícias:
ASN – Fazendo um balanço de 2024, nós tivemos um crescimento no PIB, só no último trimestre, de 4% – e até mais de 4%, se a gente comparar com o ano anterior, um bom momento para a economia. Podemos dizer que esse cenário foi favorável para o empreendedor?
Paulo Roberto – Com certeza. Eu trago aqui aquele sentimento que foi cunhado no modelo econômico da humanidade, do qual, inclusive, veio o Prêmio Nobel de Economia em 2002, conceito esse de Daniel Kahneman, que foi um psicólogo, não um economista, que disse que a economia é comportamento. O comportamento do Brasil, portanto, mudou já a partir de 2023. Mudou no sentido de podermos permitir ter esse processo de otimismo que já se revela. Cartesianamente também, nos números. No ano passado e neste ano, nós nos tornamos o segundo país do mundo a receber investimentos internacionais. Pela primeira vez, o Brasil, ao mesmo tempo, lidera o Mercosul, o G20 e os BRICs e constrói um processo de integração com um resultado fantástico. Inclusive, este ano, registramos a abertura de 300 novos mercados internacionais. O Brasil sai do mapa da fome e gera empregos em patamares próximos do que foi realizado há 13 anos. Saímos de 12%, 13% de desemprego para 6,2%, menos taxa dos últimos 13 anos.
Portanto, a economia é comportamento e o comportamento hoje do Brasil estabelece um marco histórico de oportunidades que o país nunca teve. Nós estamos diante de desafios enormes na economia e na vida da humanidade. São três conceitos que são hoje paradigmas para o processo econômico. A sustentabilidade, a inovação e a economia globalizada. Nesses três aspectos, o Brasil está vivendo extraordinariamente essa janela de oportunidade. Primeiro que, na sustentabilidade, só o Brasil tem seis biomas, só o Brasil tem a Amazônia. O Brasil é, portanto, o espaço territorial para salvar o planeta, tanto que este ano ficou confirmado que o Brasil recepcionará, no ano que vem, a COP30, trazendo para esse debate todo o planeta, e que será realizado numa parte da Amazônia, no estado do Pará, colocando o Brasil no centro do debate da transição verde.
Não podemos falar em um mundo sustentável, inovador e globalizado, se convivemos com 750 milhões de pessoas passando fome no Brasil. No espaço da inclusão, os resultados são fantásticos – quando o presidente Lula assumiu o governo, tínhamos 50 milhões de brasileiras e brasileiros no Mapa da Fome. Hoje são 18 milhões, grande parte deles buscaram no empreendedorismo, e não em um emprego formal, a sua resiliência. O Sebrae tem muito orgulho de ser grande parte dessa capilaridade na vida dos brasileiros e das brasileiras que saíram do Mapa da Fome. Nós temos atendido, assistido, formalizado e dado aquilo que é importante para que ele tenha desenvoltura no seu próprio negócio.
ASN – Como você enxerga as dificuldades para conseguir crédito, uma vez que somente com recursos é possível ampliar os negócios, principalmente para as micro e pequenas empresas?
Paulo Roberto – O crédito é uma luta permanente, porque o Brasil, infelizmente, é o palco das maiores taxas de juros do mundo. Não há explicação. Ao mesmo tempo, eu não perco o otimismo com relação a estabelecer essa luta contra os juros, que começa com a base da taxa Selic. Nesse sentido, estamos todos com uma grande expectativa de mudança no Banco Central que, por razões injustificáveis no passado recente, antes desse governo do presidente Lula com Geraldo Alckmin, recebeu uma autonomia sem igual, ou seja, são os banqueiros que decidem a carga de juros que afeta a economia brasileira. Para ajudar a mudar esse cenário, o presidente Lula lançou um programa chamado Acredita, no qual o Sebrae se inclui com base em parte daquilo que nós temos para oferecer, por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae. Mas de que tamanho é esse crédito? Para se ter uma ideia, nós historicamente já tínhamos esse fundo garantidor, que nos permitia em torno de R$ 1 bilhão por ano de crédito para micro pequenas empresas. Até o fim de 2024, chegamos a aproximadamente em R$ 2,5 bilhões, mas temos uma capilaridade expressiva para atender a pequena economia.
Então, o crédito é imprescindível, no entanto, o diagnóstico é que 88% dos micro e pequenos empreendedores no Brasil não têm acesso a crédito. Isso é inimaginável, mas se explica porque o pequeno não tem garantia para dar para o banqueiro e, além disso, o Brasil não tem uma cultura de aval. Quando a gente avaliza, abre a porta do banco.
E tem um outro fator também que é importante. Nós estamos trabalhando com todas: cooperativas de crédito, Banco do Brasil, Caixa Econômica, os bancos privados. Estamos tentando trazer todos os bancos e quando vem todo o sistema financeiro, a gente cria uma competição e o interesse aumenta para o banco receber esse empreendedor. E ainda estamos oferecendo crédito especial para as mulheres com 100% de garantia do Fampe. Junto com o crédito, nós temos o Desenrola Pequenos Negócios, para a micro e pequena empresa e para o MEI. Junto com o crédito, nós temos o Desenrola Pequenos Negócios, para a micro e pequena empresa e para o MEI, que é uma grande oportunidade: você resolve o passado e já obtém crédito para impulsion