O Plano Brasil Soberano, lançado nesta quarta-feira (13) pelo presidente Lula, foi recebido com entusiasmo pelo setor produtivo. A iniciativa destina R$ 30 bilhões aos exportadores brasileiros, por meio de linhas de crédito com taxas acessíveis, além de ampliar instrumentos como o Reintegra e o regime de drawback, oferecendo apoio imediato às empresas afetadas pelo tarifaço de até 50% imposto de forma unilateral pelos Estados Unidos.

No evento, Lula ressaltou a importância das medidas e lembrou que o governo brasileiro continua disposto a conversar, porém sem abrir mão de sua soberania. “A gente vai continuar teimando em negociação. Porque nós gostamos de negociar. E nós não queremos conflito. Se tiver mais coisas, nós vamos fazer para os trabalhadores. Porque nesse país, a gente aprendeu que ninguém larga a mão de ninguém. A única coisa que precisamos exigir é que a soberania é intocável”, afirmou. 

Amplo apoio

O Plano Brasil Soberano inclui: prorrogação do prazo do regime de drawback (incentivo à exportação) por um ano; diferimento do pagamento de tributos federais por dois meses; ampliação do Reintegra, com alíquota de até 6% para micro e pequenas empresas e 3,1% para médias e grandes; e linhas de crédito de até R$ 30 bilhões via Banco do Brasil e BNDES. Além disso, o governo vai estimular compras públicas de itens afetados, garantindo mercado para alimentos e produtos perecíveis, como carnes, pescados, frutas e mel.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o pacote é estratégico e chega no momento certo. “Recebemos positivamente pelo fato de contemplar muitas das demandas feitas pelas indústrias, federações e associações setoriais, e também porque englobou dois conceitos básicos: continuar negociando como prioridade e, o segundo, se novas medidas forem necessárias elas serão tomadas”, afirmou, durante a solenidade no Palácio do Planalto.

A Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avaliou que o plano demonstra compromisso com o setor produtivo, preservando empregos e assegurando condições justas de comércio internacional. O Sebrae destacou que 11,5 mil pequenos negócios exportadores serão diretamente beneficiados, reforçando o apoio às empresas de menor porte e às cadeias produtivas locais. A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) também reconheceu a necessidade das medidas, apontando que ações complementares podem ser necessárias para alcançar pequenos produtores rurais.

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Diplomacia comercial

O Plano Brasil Soberano fortalece igualmente a diplomacia comercial do país. Coordenado pelo Comitê Interministerial de Negociações e Contramedidas Econômicas e Comerciais, sob liderança de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o governo busca abrir novos mercados e reduzir a dependência dos Estados Unidos. Já foram concluídas negociações com a União Europeia e a EFTA, enquanto tratativas estão em andamento com Emirados Árabes Unidos, Canadá, Índia e Vietnã. A atuação brasileira junto à OMC também visa garantir condições justas para o comércio internacional.

Alckmin reforçou os objetivos do pacote nas redes sociais: “Como disse o presidente, não vamos retaliar: vamos responder com mais trabalho, mais oportunidades e mais mercados para as empresas brasileiras.”

Vale ainda lembrar que, no início desta semana, Lula conversou por telefone com Xi Jinping. O presidente chinês reforçou que seu país “está pronto para trabalhar com o Brasil para dar o exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do sul global”. Já Lula declarou que as duas nações vão ampliar a cooperação em áreas como saúde, energia, economia digital e tecnologia espacial.

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Proteção do emprego

O Plano Brasil Soberano cria também a Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, importante ferramenta de proteção ao trabalhador, que monitorará postos e ajudará a preservar empregos nas empresas afetadas, promovendo negociações coletivas e fiscalização das obrigações trabalhistas. A iniciativa inclui esforços para manter a produção nacional e proteger a economia diante de ameaças tarifárias externas.

O governo ressalta que essas medidas têm efeito imediato e poderão ser ampliadas caso necessário. Como destacou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “com esses mecanismos, nós vamos dar a todo o setor interessado em exportação condições de se mobilizar em busca de novos mercados”. O pacote combina resposta econômica com estratégia diplomática e garante que a defesa do emprego caminhe lado a lado com a expansão das exportações.

O setor produtivo, em conjunto com o governo, reafirma o compromisso de proteger cadeias produtivas nacionais, dinamizar as transações exteriores e fortalecer a competitividade brasileira, assegurando que empresas de todos os portes tenham condições de enfrentar desafios e ampliar sua presença no mercado global. Tudo isso mantendo as portas abertas para as negociações envolvendo o comércio, mas jamais a soberania.

Da Redação

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Last Update: 14/08/2025