O Brasil tem potencial para se tornar uma referência mundial em tecnologia mineral, segundo Daniel Almeida Filho, Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Em entrevista ao Portal Vermelho, ele destaca que o país possui uma base sólida de conhecimento técnico, instituições de pesquisa consolidadas e uma diversidade mineral estratégica que pode impulsionar a inovação no setor.
Daniel ressalta que o governo federal está empenhado em fortalecer a cadeia produtiva mineral com foco em sustentabilidade e agregação de valor. “Não queremos apenas extrair recursos, mas desenvolver tecnologias que permitam ao Brasil liderar processos de transformação mineral com menor impacto ambiental e maior eficiência”, afirmou.
Desde 2010, o MCTI tem apoiado ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) voltadas à transformação de minerais estratégicos. Foram investidos mais de R$ 2,5 bilhões em infraestrutura laboratorial, formação de recursos humanos e apoio a planos de negócios, com base em políticas como o Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM-2030) e as Estratégias Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Na legislação brasileira, minerais estratégicos são aqueles com alto valor econômico e abundância no território nacional, enquanto minerais críticos são os que apresentam risco de suprimento e são essenciais para setores vitais da economia. O Brasil desenvolve tecnologia em escala laboratorial para separação dos elementos químicos das terras raras processo que exige domínio técnico específico e ainda é dominado pela China.
MCTI busca dar escala industrial para tecnologias desenvolvidas em universidades
Para aproximar universidades da indústria, o ministério tem adotado mecanismos como editais de subvenção econômica, projetos conduzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) — entidade que articula empresas e centros de pesquisa para o desenvolvimento de inovação tecnológica — e incentivos fiscais por meio da “Lei do Bem”. Essas iniciativas têm sido fundamentais para o desenvolvimento de materiais de alto valor agregado, como ligas metálicas e ímãs de terras raras.
Daniel também destaca o lançamento de uma chamada pública conjunta entre FINEP e BNDES, com R$ 5 bilhões destinados a planos de negócio voltados à transformação de minerais estratégicos para a transição energética e descarbonização. “Recebemos 124 propostas, somando R$ 85,2 bilhões em intenção de investimento. Também estamos preparando uma nova chamada de R$ 200 milhões para apoiar projetos inovadores no setor mineral”, afirma.
Segundo ele, o Brasil tem uma oportunidade única de se posicionar como fornecedor de soluções tecnológicas em um cenário global cada vez mais voltado à economia verde. “A demanda por minerais críticos está crescendo, e o Brasil pode oferecer não só os recursos, mas também o conhecimento para transformá-los de forma inteligente e sustentável”, disse.
Daniel conclui afirmando que o futuro da mineração brasileira depende da capacidade de integrar ciência, tecnologia e responsabilidade socioambiental. “Estamos construindo um novo paradigma para o setor, e o Brasil tem tudo para ser protagonista nesse movimento.”