Um dos jornais mais influentes dos Estados Unidos, o The Washington Post publicou, no domingo (20), um artigo com o título “Bullying de Trump contra o Brasil está saindo pela culatra”. Assinado por Ishaan Tharoor, o texto aponta que a intimidação do presidente norte-americano, Donald Trump, ao impor tarifas de 50% para produtos de exportação brasileiros, encontrou resistência em Lula e Alexandre de Moraes, descritos como inabaláveis.

Conforme o articulista, Trump ameaça o segundo país mais populoso do hemisfério em apoio a Jair Bolsonaro, classificado como “militante de extrema direita” acusado por um “violento plano de golpe”. Além de vincular o ‘tarifaço’ às agendas bolsonaristas na Justiça, ele também sublinha as tensões contra os membros do STF, reconhecidas na figura de Alexandre de Moraes. O ministro que supervisiona o inquérito da trama de golpe ainda nutre antipatia pela sua atuação contra a desinformação (as fake news), o que desagrada os donos das Big Techs, entre eles Elon Musk.

Arrogância norte-americana

 Tharoor destaca no artigo que a arrogância norte-americana com a guerra tarifária é ainda mais escandalosa em relação ao Brasil, porque os EUA alimentam um “superávit comercial significativo”, o que o torna um “alvo incomum”.

Como observa, outros países das Américas se curvaram a Washington, porém, para a grande e diversificada economia brasileira, a crise gerada por Trump surgiu como oportunidade para o presidente Lula.

A visão é de que o líder brasileiro tem usado o momento para unir o país por meio da ideia de “soberania nacional”, sendo citado o boné azul utilizado com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, em contraposição ao boné vermelho utilizado por trumpistas do MAGA (Make America Great Again).

Leia mais: Em rede nacional, Lula responde a Trump e denuncia “traidores da pátria”

Já o outro inabalável, Moraes, não se intimidou contra as hostilidades de Eduardo Bolsonaro nos EUA e emplacou medidas cautelares contra o ex-presidente brasileiro, incluindo toque de recolher noturno e uso de tornozeleira eletrônica, avalia o jornalista. Tudo isto mesmo sob restrições de Trump impostas ao ministro do STF e seus familiares na relação com os Estados Unidos (revogação de vistos).

Conforme traz Tharoor, a disputa entre os países está longe de acabar, com o aprofundamento das tensões. Ele revela que a diplomacia norte-americana enxerga as ações de seu presidente como prejudiciais à promoção da democracia, em especial no que diz respeito às afrontas à Suprema Corte brasileira.

Já para Lula, o articulista vê um “apoio renovado” com esta crise. Em consulta feita com brasileiros, como o historiador André Pagliarini, o entendimento é que a disputa criada por Trump prejudicou os interesses da elite econômica brasileira, tradicionalmente oposta à esquerda, e colocou Lula como “símbolo da resistência nacional”, enquanto a oposição diverge entre o apoio bolsonarista e seus interesses econômicos.

Leia mais: Moraes determina inclusão de novas evidências contra Eduardo Bolsonaro em investigação

Com diplomatas do Itamaraty, captou que as instituições democráticas e o judiciário independente nunca foram “moeda de troca” para o Brasil. Portanto, a ameaça lesa-pátria criada pelo clã Bolsonaro se apresentou como um “presente de Natal” antecipado: “O Papai Noel chegou cedo para o presidente Lula, e o presente foi enviado por Trump”.

Ao finalizar o artigo, o colunista evidencia a declaração de Lula sobre o apoio de Trump à invasão no Capitólio: “O que Trump precisa saber é que, se ele tivesse feito aqui o que fez lá no Capitólio, também estaria sendo julgado. Se for culpado, seria preso.”

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 21/07/2025