Ministros do governo enfrentam críticas da cúpula do PT, especialmente os ministros do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e da Fazenda, Fernando Haddad. O governo anunciou uma medida de ajuste fiscal que prevê economizar R$ 20 bilhões no próximo ano. Dentre as medidas criticadas está a revisão de beneficiários do Bolsa Família, que já retirou mais de 2 milhões de pessoas com cadastro alegadamente irregular.

Já a revisão dos benefícios proposta pelo Ministério da Fazenda atingiria diversos programas e benefícios, como o Proagro, seguro para pequenos e médios produtores rurais, e a Previdência, com a revisão de benefícios por incapacidade temporária e permanente.

Para Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), a crítica está correta. Segundo ele, “a própria Gleisi se pronunciou contra a questão do Bolsa Família. Em relação à política do Haddad, é uma política de taxação de tudo sobre o povo. É uma política de ajuste fiscal rigoroso, ou seja, uma política neoliberal, a favor dos banqueiros. Então, logicamente, essa política tem que ser condenada. Há condenação dentro do PT em relação a isso.”

“A questão do Bolsa Família, particularmente, é escandalosa porque você tem aí o bolsa banqueiro de quase 1 trilhão de reais, em um orçamento que é de 2 trilhões e pouco. Ninguém vai lá para investigar o bolsa banqueiro, sendo que há denúncias diversas de especialistas. Há um movimento pela auditoria da dívida pública e o pessoal não vai lá para investigar. Mas vão investigar o pobre coitado que, por uma questão de sobrevivência, porque ninguém vai ficar rico com Bolsa Família. Uma família de quatro pessoas ganha R$ 600,00, ou R$ 150,00 por pessoa, não dá nem para comer o mês inteiro.”

A política de ajuste fiscal rigoroso dá munição à extrema-direita

Esse tipo de política neoliberal ajuda a extrema-direita, destacou Rui. “Esse é um governo que deveria ser um governo popular. Depois, o pessoal vê a extrema-direita crescer e fala: por que cresce a extrema-direita? O Bolsonaro, por demagogia eleitoral, colocou o Bolsa Família em R$ 600,00. Aí vem o Lula e começa a cortar o pessoal do Bolsa Família. É difícil de entender isso.”

Se eu fosse o Lula, ligaria para o Wellington Dias e falaria: para com isso aí imediatamente. Ligaria para o Haddad e falaria: vamos economizar dinheiro, pega essa dívida pública e todas as maracutaias e falcatruas que os banqueiros fizeram e vamos economizar o dinheiro do povo. Chama o pessoal da auditoria. Eles já analisaram essa dívida e destacaram fatos que dizem respeito a fraudes na dívida pública.”

“Com o PT no governo, é praticamente uma obrigação fazer essa auditoria.”

Ele ainda comenta que: “Eu não vejo que isso aí seja política do Lula, o problema é porque o Lula permite. Isso daí revela um governo completamente dominado pelos banqueiros, a contragosto no caso do Lula. Depois, o pessoal fala que as coisas estão indo bem. Não estão indo bem.”

“Essa política é a política da chamada ‘Frente Ampla’. É o que nós vamos ver na França. O pessoal fala: não, a frente ampla é boa porque segura a extrema-direita. Mas, na verdade, com essa política, você vai fazer com que a extrema-direita seja ultra majoritária no país. Não é que a extrema-direita vai fazer melhor que isso, mas eles vão ganhar muitos pontos com a população criticando o que o governo está fazendo, não tenha dúvida.”

A auditoria cidadã da dívida

No site da auditoria cidadã da dívida, é possível encontrar o ‘dividômetro’ que contabiliza o pagamento dos juros e amortizações, bem como o montante da dívida. Sobre isso, Rui alerta: “É importante entender esse pequeno detalhe, não é o pagamento da dívida, é o pagamento dos juros, a dívida continua.”

Pimenta define uma política para a esquerda: “eu já acho que não teria que fazer auditoria, tinha que desconhecer a dívida. Por que o país inteiro vai trabalhar para pagar juros da dívida pública? É impressionante esse problema do Brasil, o país está sendo roubado e ninguém fala nada. O Campos Neto põe a taxa de juros lá em cima e o governo paga uma quantidade gigantesca.”

A dívida pública interna brasileira já ultrapassa 8 trilhões de reais.

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Última Atualização: 11/07/2024