A presidência brasileira dos BRICS em 2025 começou com sinal amarelo. Faltando poucos dias para a cúpula de líderes, marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, há um clima de preocupação entre especialistas e ex-integrantes do próprio bloco. O economista Paulo Nogueira Batista Jr., que já ocupou cargos estratégicos no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), não esconde a frustração: o Brasil parece estar perdendo uma oportunidade histórica de liderar com criatividade e ambição.

Segundo o economista, a falta de dinamismo da presidência brasileira é visível tanto na ausência de iniciativas concretas quanto na limitada mobilização do governo federal. “Pode ser que alguma coisa esteja acontecendo nos bastidores, mas não há sinais convincentes disso. A presidência brasileira, infelizmente, está sendo tímida, pouco inventiva. Não se nota uma mobilização do governo, inclusive — não só dos ministros e das equipes, mas também do próprio presidente da República“, avalia.

O problema ganha contornos mais sérios diante da decisão de agendar a cúpula para o início de julho, quando tradicionalmente esses encontros ocorrem no segundo semestre. Com isso, o Brasil corre o risco de reduzir a própria liderança no bloco a apenas um semestre.

É uma pena, porque os BRICS são um grupo importante e podem ter efeito sobre a situação econômica e política mundial, se atuarem conjuntamente para isso. Era preciso que o país que exerce a presidência apresentasse propostas e pressionasse. Infelizmente, o que estamos vendo é um sintoma dessa fraqueza“, reforça.

Como recuperar o protagonismo

Apesar do diagnóstico crítico, ainda há caminhos para o Brasil evitar um legado apagado. O economista sugere a realização de uma série de reuniões ministeriais, com presidentes de Bancos Centrais, assessores e chefes de Estado ao longo do segundo semestre. A proposta culminaria com um novo encontro de líderes dos BRICS em novembro, paralelamente à cúpula do G20, que acontecerá na África do Sul.

Já fizemos isso no passado. Não é difícil organizar uma reunião extraordinária dessas. E seria uma oportunidade para o Brasil trazer novamente os líderes à mesa e ampliar o alcance da sua presidência”, aponta.

Os BRICS, que hoje reúnem Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos países convidados, vivem um momento estratégico de reposicionamento global. O bloco tem sido visto como alternativa a formatos tradicionais de governança econômica mundial.

O comentário completo de Paulo Nogueira Batista Jr. foi publicado em seu canal no YouTube. Assista:

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Last Update: 23/06/2025