O Brasil está enfrentando um dos piores períodos secos dos últimos 44 anos, segundo um levantamento exclusivo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). O impacto devastador das secas prolongadas e das queimadas recordes está afetando gravemente o meio ambiente, a economia e a qualidade de vida em todo o país.
De acordo com o Cemaden, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem desde os anos 1980, cobrindo áreas extensas do território nacional. Os estados afetados incluem Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins.
A seca atual se estende por 12 meses e tem sido a mais severa observada fora das regiões semiáridas do Brasil. A estiagem está resultando em rios com níveis críticos e dificultando a recuperação das bacias hidrográficas. Em algumas áreas, como no Norte do Brasil, a situação é tão grave que a navegação e o transporte são prejudicados.
A hidróloga Maria Silva explica que a falta de chuva compromete o lençol freático, essencial para a manutenção dos rios. A seca está afetando a economia nacional, especialmente nas regiões onde a navegação é crucial para o transporte de produtos, como na Zona Franca de Manaus.
Em 2023, os danos financeiros chegaram a R$ 1,4 bilhão. A baixa nos reservatórios também está forçando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a acionar termelétricas para compensar a falta de água nas usinas hidrelétricas, o que pode encarecer a energia para os consumidores.
A seca prolongada está tornando a vegetação mais suscetível a incêndios. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio no país é o maior em 14 anos. O Pantanal, a Amazônia Legal e o Cerrado estão particularmente afetados.
Apenas até julho, o Pantanal registrou 800 mil hectares queimados, enquanto a Amazônia Legal teve o maior número de focos de fogo em 19 anos.
Especialistas alertam para a necessidade urgente de medidas para enfrentar a crise climática e evitar que a situação se agrave ainda mais.
A falta de chuvas e o aumento das temperaturas exigem um planejamento estratégico para a recuperação ambiental e para a segurança hídrica e energética do país.