A política de generalizada de taxação adotada por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, tem deixado o mundo em alerta. Até agora o governo Lula buscou o diálogo, mas a insistência do governo Trump em ampliar o seu “tarifaço” fez com que os brasileiros endurecessem o discurso em documento enviado ao Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês).
Na avaliação feita é indicado que as medidas de Trump podem prejudicar “gravemente” a relação comercial entre Brasil e EUA. O documento foi encaminhado oficialmente em 11 de março, quase três semanas após o órgão encarregado de fazer as revisões comerciais ter aberto consulta pública sobre tarifas recíprocas.
O governo dos EUA pretende colocar em prática o ‘tarifaço’ em 2 de abril. Com isso, a diplomacia brasileira está atenta para saber se haverá aumento de taxas em outras áreas para além do aço e do alumínio.
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Ao USTR, é destacado que os EUA tiveram US$ 7,4 bilhões de superávit na relação com o Brasil em 2024. Em 15 anos, o superávit comercial foi de US$ 160 bilhões em bens e mais de US$ 410 bilhões em bens e serviços.
Além de destacar o benefício histórico que os norte-americanos tem na relação com o Brasil, o governo ressalta que uma imposição unilateral viola compromissos estabelecidos no âmbito da OMC (Organização Mundial de Comércio). De acordo com o governo Lula, alterações sem debate podem desfazer o “equilíbrio alcançado em negociações passadas e é prejudicial às suas relações econômicas com parceiros de longa data”.
Nesse sentido, aponta o governo brasileiro, qualquer insatisfação sobre tarifas discutidas na OMC deve ser renegociada com os parceiros.
Além disso, o documento acentua um ponto levantado nas entrevistas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, de que as exportações norte-americanas ao Brasil têm tarifa média de 2,7%. O valor é considerado baixo e, dessa forma, retaliar o Brasil com esse patamar diminuto é que seria algo efetivamente injusto.