A desertificação é um problema ambiental grave que avança silenciosamente no Brasil, ameaçando biomas, comunidades e a segurança alimentar do país. A análise do artigo de Olympio Barbanti Jr., publicado no Portal Outras Palavras, intitulado “Combate à desertificação: O Brasil avança a passos lentos”, traz à tona uma realidade preocupante: o Brasil, apesar de suas riquezas naturais, enfrenta desafios significativos para conter a degradação do solo e a perda de vegetação nativa.
O texto destaca que o bioma Semiárido, que abrange partes do Nordeste e do norte de Minas Gerais, é uma das áreas mais críticas, mas o problema também atinge regiões do Pantanal e do norte do Rio de Janeiro. A retirada da vegetação, o uso inadequado do solo e as mudanças climáticas aceleram o processo de desertificação, deixando o solo exposto e vulnerável à erosão.
O governo brasileiro tem implementado políticas públicas para combater esse cenário, como o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que visa restaurar 12 milhões de hectares até 2030. No entanto, como aponta Barbanti Jr., o ritmo atual é insuficiente para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris e no Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal.
Um dos pontos críticos é a dificuldade de engajar pequenos produtores rurais e comunidades tradicionais, que enfrentam pressões econômicas e sociais. A competição com grandes produtores tecnificados e a falta de apoio adequado limitam a adoção de práticas sustentáveis. Além disso, o foco em áreas públicas, como Unidades de Conservação e Terras Indígenas, embora importante, não resolve o problema em terras privadas degradadas.
O artigo também ressalta a importância da participação pública na gestão das políticas de combate à desertificação. O Brasil apresentou uma proposta na **Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD)** para incluir povos indígenas e comunidades tradicionais no processo decisório, reconhecendo seu conhecimento tradicional e sua capacidade de contribuir para a restauração ambiental. Essa iniciativa é um avanço, mas ainda precisa ser implementada de forma efetiva.
Enquanto isso, países como os do Cinturão Verde da África Subsaariana e a China têm obtido resultados impressionantes no combate à desertificação, mostrando que é possível reverter o cenário com investimentos e políticas consistentes. O Brasil, apesar de seus esforços, ainda está longe de se consolidar como líder global nessa área.
O papel do Sintaema
O Sintaema, como entidade que representa trabalhadores e defende a sustentabilidade, reforça a necessidade de políticas públicas mais robustas e integradas para combater a desertificação. É fundamental pressionar por ações concretas que envolvam todos os setores da sociedade, desde pequenos produtores até grandes empresas, e garantir que as comunidades tradicionais tenham voz ativa nesse processo.
A luta contra a desertificação não é apenas uma questão ambiental, mas também social e econômica. Garantir a recuperação do solo e a preservação dos biomas é essencial para assegurar a qualidade de vida das gerações futuras e a sustentabilidade do país.
Chamada para ação
O Sintaema convoca todos os trabalhadores, sindicatos e organizações da sociedade civil a se engajarem nessa causa. É preciso pressionar o governo por mais investimentos, fiscalizar a implementação das políticas públicas e promover práticas sustentáveis no dia a dia. Juntos, podemos garantir um futuro mais justo e sustentável para o Brasil.
Fonte: Barbanti Jr., Olympio. “Combate à desertificação: O Brasil avança a passos lentos”. Portal Outras Palavras.