Brasil e China discutem parceria ferroviária em projetos estratégicos para corredor bioceânico

O ministro dos Transportes, Renan Filho, reuniu-se nesta quarta-feira, 21, com representantes da National Railway Administration (NRA), autoridade ferroviária da China, para tratar do fortalecimento da cooperação bilateral no setor ferroviário.

O encontro teve como foco os projetos da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), ambos em fase de obras.

As duas ferrovias integram os planos do governo federal para a criação de um corredor bioceânico que conecte o Porto Sul, na Bahia, ao porto de Chancay, no Peru, possibilitando a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

O objetivo é encurtar rotas e reduzir custos logísticos para o escoamento de produtos brasileiros com destino aos mercados asiáticos, em especial o chinês.

Durante a reunião, os representantes da NRA receberam informações técnicas detalhadas sobre os projetos da Fico e da Fiol, que deverão passar por leilões de concessão.

A delegação chinesa demonstrou interesse na participação de empresas do país nos processos licitatórios e analisará os estudos apresentados pelo governo brasileiro para avaliar possibilidades de colaboração.

Renan Filho afirmou que a aproximação com a China pode contribuir para a execução dos projetos.

“A troca de experiências é muito positiva, especialmente para avançarmos com projetos sustentáveis e estratégicos para o desenvolvimento do Brasil. Por isso, trabalharmos juntos é bom para os nossos países”, disse o ministro durante o encontro.

A Fico e a Fiol fazem parte da estratégia do Ministério dos Transportes de ampliar a capacidade ferroviária do Brasil e integrar regiões do interior ao sistema logístico nacional.

A previsão é que essas rotas sirvam para o transporte de grãos e minérios entre centros produtores e os portos do país, reduzindo os custos de exportação e aumentando a eficiência da infraestrutura.

A Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) tem 383 quilômetros e ligará Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT). A obra é executada pela Vale, como contrapartida pela renovação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A ferrovia tem o objetivo de interligar o agronegócio do Centro-Oeste à malha ferroviária nacional e facilitar o acesso a portos no Sudeste e Nordeste.

Já a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) tem 1.527 quilômetros previstos, em três trechos. O primeiro, entre Ilhéus e Caetité (BA), está em fase final de construção e é operado pela Bahia Mineração (Bamin), vencedora da concessão em 2021. Os demais trechos, de Caetité a Barreiras (BA) e de Barreiras até Figueirópolis (TO), ainda estão em fase de elaboração de projetos e captação de recursos.

A implantação de um corredor bioceânico entre Brasil e Peru é um dos principais projetos de integração sul-americana em andamento. O traçado da rota ainda está em fase de definição, mas prevê o uso de infraestruturas já existentes ou em construção para conectar os dois países através de redes ferroviárias, rodoviárias e portuárias. A proposta também envolve países como Bolívia e Paraguai.

O porto de Chancay, no Peru, está sendo construído por um consórcio com participação chinesa e deverá funcionar como porta de entrada para o comércio com a Ásia. Do lado brasileiro, o Porto Sul, na Bahia, é considerado ponto de partida estratégico para o corredor, integrando-se com a Fiol e com o restante da malha nacional.

O governo brasileiro tem buscado ampliar a participação de investidores estrangeiros na infraestrutura nacional, com destaque para o setor ferroviário, por meio de concessões e parcerias público-privadas.

A interlocução com a China visa atrair capital e tecnologia para a execução de projetos de grande porte, considerados fundamentais para a integração logística e o desenvolvimento regional.

Durante o encontro, os representantes da NRA manifestaram disposição para avaliar oportunidades de investimento e reforçaram o interesse chinês em participar de iniciativas logísticas com potencial de integração continental.

O governo brasileiro, por sua vez, pretende utilizar os dados coletados para aprimorar as condições de concessão das ferrovias e garantir maior atratividade ao projeto.

A visita da NRA faz parte de uma série de agendas diplomáticas voltadas à cooperação técnica e comercial entre Brasil e China no setor de transportes.

O Ministério dos Transportes informou que novas rodadas de negociações estão previstas para os próximos meses, com foco em aprofundar os estudos conjuntos e definir possíveis formatos de parceria.

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