A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil, Luciana Santos, recebeu nesta terça-feira (23), em Brasília, a ministra da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, Aisen Etcheverry, para uma reunião bilateral voltada ao fortalecimento da cooperação científica entre os dois países.
O encontro teve como foco principal a inovação, a ciência regional e o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à inteligência artificial (IA).
A reunião marcou a continuidade das parcerias entre Brasil e Chile no campo da ciência e tecnologia, com a ampliação das discussões sobre políticas públicas para áreas consideradas estratégicas.
A ministra Luciana Santos destacou a importância de consolidar as ações conjuntas entre os dois governos, com ênfase no tema da inteligência artificial.
“Queremos dar concretude às nossas cooperações em todas as naturezas. Neste ano, com foco na relevância tecnológica e científica da IA”, afirmou.
As discussões abordaram aspectos técnicos e regulatórios da inteligência artificial, incluindo segurança da informação, políticas de coleta e alinhamento de dados, além da necessidade de compartilhar informações de forma ética e responsável.
Durante o encontro, foi ressaltada a importância de respeitar a soberania de cada país no processo de cooperação tecnológica.
Entre os pontos centrais da reunião esteve a proposta de criação de uma Large Language Model (LLM) regional, desenvolvida com características culturais e sociais da América do Sul.
A ministra brasileira apontou que o projeto busca refletir a cultura e as especificidades da região. O objetivo é construir um modelo de linguagem que atenda às particularidades locais, com foco na promoção da inclusão e da diversidade.
A ministra chilena, Aisen Etcheverry, expressou interesse em aprofundar a cooperação no desenvolvimento de tecnologias de IA. Segundo ela, o avanço nesse setor depende da integração das infraestruturas de pesquisa entre os países da América Latina.
“É fundamental avançar no compartilhamento de infraestruturas com capacidade para IA e utilizar a governança da Rede Clara como suporte para o aprimoramento dos modelos de linguagem”, declarou Etcheverry.
As ministras também destacaram a necessidade de garantir que os avanços em inteligência artificial considerem as identidades regionais e promovam a participação de diferentes grupos sociais, incluindo a ampliação da presença feminina nas áreas de ciência e tecnologia. A transversalidade da IA e seu impacto sobre setores diversos da economia e da sociedade foram reconhecidos como temas centrais no debate.
Além das ministras, participaram do encontro representantes dos dois países ligados à pesquisa em IA. A comitiva chilena contou com Alejandro Guzmán, primeiro-secretário da Embaixada do Chile, e Álvaro Soto, diretor do Centro Nacional de Inteligência Artificial (CENIA) do Chile.
Pelo Brasil, estiveram presentes Fabio Gagliardi Cozman, coordenador do Centro de Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina da Universidade de São Paulo (USP), além de secretários e integrantes do MCTI.
Ao final da reunião, Brasil e Chile formalizaram a assinatura de um protocolo de intenções para cooperação internacional entre a USP e o CENIA. O acordo estabelece a realização de projetos conjuntos nas áreas de ensino, pesquisa e serviços à comunidade.
A iniciativa tem como propósito fortalecer a colaboração entre as instituições acadêmicas dos dois países e contribuir para o avanço científico e tecnológico na área de inteligência artificial.
Segundo os representantes das instituições envolvidas, a parceria permitirá o desenvolvimento de projetos que abordem desde questões técnicas até políticas públicas relacionadas à IA. A expectativa é que os trabalhos conjuntos resultem na formação de novos talentos e no estímulo à pesquisa aplicada, com impacto positivo para a região.
O protocolo assinado prevê a criação de linhas de pesquisa voltadas à construção de modelos de linguagem adaptados à realidade sul-americana, com atenção para a governança dos dados, a interoperabilidade entre sistemas e a promoção da inovação científica.
A proposta inclui a colaboração em ações formativas e de intercâmbio acadêmico, com o objetivo de ampliar a qualificação de pesquisadores e estudantes nos dois países.
Durante o evento, os representantes destacaram que o compartilhamento de experiências e a integração das capacidades de pesquisa são elementos essenciais para enfrentar os desafios relacionados à inteligência artificial. A criação de uma LLM regional foi apontada como uma oportunidade para promover uma IA mais alinhada com os valores e necessidades da América do Sul.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil informou que o protocolo firmado com o Chile representa um passo importante na estratégia de internacionalização da pesquisa brasileira e no fortalecimento das redes de cooperação científica no continente.
O acordo, segundo o MCTI, reforça o compromisso de ambos os países em buscar soluções tecnológicas inovadoras de forma colaborativa e respeitosa às diversidades locais.
As discussões sobre inteligência artificial entre Brasil e Chile devem continuar nas próximas reuniões técnicas e encontros bilaterais, com a definição de planos de trabalho e cronogramas para a execução dos projetos previstos no protocolo de intenções.
