A ministra Ana Paula Silva, da Ciência, Tecnologia e Inovação, afirmou que o governo federal vai investir R$ 23 bilhões até 2028 para desenvolver a própria inteligência artificial e transformar carreiras, impulsionando a prestação de serviços públicos à população.

A afirmação foi feita durante a aula magna dos ingressantes de 2024 da Universidade Federal do ABC (UFABC) na última quarta-feira (14), ocasião em que a ministra detalhou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial para o Bem de Todos, anunciado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) na 5ª Conferência Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo a chefe de pasta, entre as ações previstas pelo Planalto estão o investimento em supercomputadores, o desenvolvimento de modelos avançados de linguagem em português, para utilizar dados nacionais, fortalecer a soberania brasileira por meio do uso de dados estratégicos sobre a população, que servirão de base à formulação de políticas públicas e a criação de empregos mais qualificados e com maior remuneração, a partir da especialização de profissionais na área de IA.

“Há uma cobiça muito grande pelos dados do país, do nosso Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia que são muito relevantes, são gerações e gerações que acumularam compreensão desses fenômenos e há uma cobiça, inclusive das grandes empresas, das bigtechs por esses dados. E esses dados precisam ser nossos, precisam ser brasileiros”, defendeu Ana Paula Silva.

Soberania

A fim de mitigar as ameaças que as novas tecnologias representam para a democracia, Silva afirmou que o plano contempla o investimento em servidores em nuvem nacionais, desenvolvidos para congregar os dados públicos, a exemplo da Dataprev, empresa pública de tecnologia do governo.

O governo já tem em vista ainda o desenvolvimento de uma legislação para a inteligência artificial. “Regulação e governança da inteligência artificial, porque também é um aspecto que estamos vendo no mundo de ameaça às democracias. Nós temos de ter uma regulamentação que puna essas ameaças”, complementou a ministra.

De acordo com a ministra, o montante será aplicado em:

-Ações de impacto imediato;

-Infraestrutura e desenvolvimento de IA;

-Difusão, formação e capacitação em IA;

-IA para a melhoria dos serviços públicos;

-IA para inovação no setor empresarial;

-Regulação e governança da inteligência artificial.

Empregos de qualidade

Desde o surgimento da inteligência artificial, muito se fala sobre o corte de posições, se não a substituição completa, em diversas categorias profissionais.

Mas, para Ana Paula Silva, a tecnologia não deve ser vista como uma ameaça, mas sim uma ferramenta utilizada na melhoria da prestação do serviço público com profissionais cada vez mais qualificados.

“As oportunidades geradas pelo plano necessitarão de trabalhadores mais capacitados, que possam desenvolver tecnologia de ponta.”

A ministra acredita que o desenvolvimento da inteligência artificial nacional vai gerar demandas em todas as áreas de conhecimento, tendo em vista que a IA precisa de consolidação de dados, que serão, por sua vez, produzidos pela inteligência humana.

“As profissões que hoje estão sendo formadas no design, engenheiro de produção, biologia, química fina, ciências humanas, ciências que procuram compreender cada vez mais o fenômeno de exclusão, ciências sociais, quanto é nefasto o racismo estrutural no país, a desigualdade econômica, todas as ciências vão ser necessárias para garantir que essa ferramenta tecnologia otimize as soluções para os dia a dia”, finaliza.

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Last Update: 15/08/2024