Do Conexão Planeta
Por Mônica Nunes
De acordo com o Copernicus Climate Change Service, durante 12 meses consecutivos – de junho de 2023 a maio de 2024 -, a temperatura média global atingiu valor recorde para o mês correspondente. Em maio, por exemplo, essa temperatura estava 0,65°C acima da média de 1991-2020 e 1,52°C acima da média pré-industrial de 1850-1900. Por isso, vimos eventos climáticos extremos tornarem-se comuns em diversas partes do planeta.
As altas temperaturas são as grandes causadoras da maioria das catástrofes e uma das principais consequências das mudanças climáticas. Diante deste cenário, é muito fácil fazer as piores previsões. Mas, este mês, projeções da agência espacial americana Nasa indicam que alguns lugares do planeta podem se tornar inabitáveis em 50 anos devido ao calor excessivo.
O estudo integrado por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, e publicado na revista científica Science Advances, mapeou cinco regiões onde a existência humana pode se tornar inviável. Não é toa que, nos últimos quatro anos, em especial, o vermelho tem sido a cor dominante nos mapas da Nasa.
No Brasil, praticamente todas as regiões – Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste – estão incluídas nessas projeções. Assim como sul e sudeste asiático, Golfo Pérsico, Mar Vermelho e regiões da China.
O verão, no Hemisfério Norte, tem sido marcado por fortes ondas de calor, como aconteceu nos Estados Unidos. Por outro lado, o inverno no Hemisfério Sul tem registrado temperaturas acima dos 35°C como ocorre no Brasil, em cidades do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste.
Com emissões de gases do efeito estufa em curva ascendente acelerada – provocadas por combustíveis fósseis, desmatamento e consumo irresponsável –, a tendência é que o mundo continue a esquentar, com ondas de calor cada vez mais severas e frequentes.
Sensação térmica de 71°C
Para chegar à sentença tão aterradora sobre o futuro do planeta, Raymond e colegas do laboratório da Nasa analisaram extremos de calor e umidade utilizando imagens de satélite e projeções da temperatura de bulbo úmido (medida de conforto térmico, que considera não apenas a temperatura, mas também a umidade do ar).
Eles explicam que, embora o ar seco não seja agradável, a umidade é que aumenta a sensação de calor e isso acontece, pois, a transpiração é um dos principais mecanismos que resfria o corpo humano. No entanto, quando está muito úmido, o suor não evapora e o calor não se dissipa.
Por isso, em temperaturas iguais ou superiores a 37°C, com mais de 70% de umidade do ar, a saúde do ser humano degringola.
Usando a temperatura de bulbo úmido para nortear suas pesquisas, os cientistas estimam que, mesmo a pessoa mais saudável da Terra não poderá evitar o superaquecimento e morrer caso permaneça em temperatura de bulbo úmido acima de 35°C por um período superior a seis horas. Isso porque, 35°C de bulbo úmido equivalem a 45°C com 50% de umidade, que resulta em sensação térmica de 71°C!
Com informações da NASA, G1, Euronews.