O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode participar de uma conversa com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Manuel López Obrador, para discutir a crise política e eleitoral na Venezuela. A reunião está dependendo apenas da compatibilidade de agendas dos três chefes de Estado, conforme informado por Laércio Portela, ministro interino da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
A potencial conversa segue uma nota conjunta divulgada na semana passada pelos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Colômbia e México. A nota expressa apelos para que as forças de segurança venezuelanas garantam o exercício de manifestações democráticas de acordo com a lei e solicita a disponibilização das atas das urnas usadas nas eleições recentes. A nota também enfatiza a necessidade de uma verificação imparcial dos resultados eleitorais e reforça o respeito à soberania e vontade do povo venezuelano.
Desde a declaração de Nicolás Maduro como vencedor das eleições, o governo venezuelano tem reagido com repressão a manifestações violentas contra o resultado. A oposição e entidades estrangeiras alegam fraude nas eleições de 28 de julho, e a situação continua a gerar instabilidade no país.
O governo brasileiro tem defendido a autodeterminação das instituições venezuelanas e a transparência no processo eleitoral, aguardando a divulgação de dados detalhados sobre a votação antes de tomar uma posição definitiva sobre o resultado.
Os três países têm buscado atuar como mediadores entre o regime de Maduro e a oposição. Na reunião desta segunda-feira, os líderes devem avaliar o panorama atual do processo eleitoral e as negociações em curso.
Este será o segundo encontro virtual entre os presidentes sobre a situação venezuelana em menos de duas semanas. O primeiro ocorreu em 1º de agosto, quando os líderes discutiram inicialmente a crise eleitoral. A conversa seguinte pode incluir discussões sobre a realização de encontros separados com Nicolás Maduro e Edmundo González, candidato da oposição, embora ainda não haja datas definidas para esses encontros.
O Brasil tem adotado uma postura cautelosa em relação ao reconhecimento dos resultados eleitorais. Ao contrário de alguns países que já reconheceram González como presidente eleito, o governo brasileiro tem evitado tomar partido, buscando se manter como um mediador legítimo entre as partes envolvidas. A recente declaração da Suprema Corte venezuelana, que afirma que sua decisão sobre a auditoria eleitoral será irrecorrível, coloca o Brasil em uma posição delicada, testando sua capacidade de manter-se como um interlocutor imparcial.
Na quarta-feira à noite, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajará para Bogotá para uma reunião com o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo. Vieira e Murillo discutirão a crise na Venezuela e formas de abrir um canal de diálogo entre Maduro e González.