A ativista Greta Thunberg a bordo do navio Madleen antes de zarpar para Gaza com ativistas da Freedom Flotilla Coalition. Foto: Salvatore Cavalli / AP

O governo brasileiro cobrou nesta segunda-feira (9) a libertação imediata do ativista Thiago Ávila e de outros 11 tripulantes do navio Madleen, detidos por Israel enquanto transportavam ajuda humanitária com destino à Faixa de Gaza. A embarcação foi interceptada por forças israelenses em águas internacionais, o que gerou reação imediata do Itamaraty. A bordo estavam ativistas de diferentes países, entre eles a sueca Greta Thunberg, conhecida mundialmente por sua atuação ambiental e política.

A nota oficial do Ministério das Relações Exteriores afirma que o Brasil “acompanha de perto” a situação e já acionou suas representações diplomáticas no Oriente Médio. As embaixadas brasileiras em Tel Aviv e Ramala estão em alerta e prontas para prestar assistência consular ao brasileiro detido. O governo brasileiro também reforçou que Israel, por ser potência ocupante na região, tem a obrigação legal de permitir o acesso de ajuda humanitária ao território palestino, de acordo com normas internacionais.

Thiago Ávila denunciou nas redes sociais que a embarcação foi alvo de ataques durante a travessia. Segundo ele, drones lançaram objetos e substâncias desconhecidas sobre o navio, colocando em risco a integridade dos ativistas. A bordo da Madleen estavam suprimentos essenciais como alimentos, medicamentos e materiais de primeiros socorros, destinados à população civil de Gaza, que enfrenta escassez severa devido ao bloqueio imposto por Israel.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Foto: Abir Sultan/AP

Israel confirmou o contato com o navio e afirmou que ordenou a mudança imediata da rota. Em nota, as autoridades israelenses disseram que estão dispostas a usar “todas as medidas necessárias” para impedir que a Madleen chegue ao território palestino. A ação gerou forte crítica de organizações de direitos humanos e também de governos estrangeiros que apoiam missões civis de ajuda.

O Brasil reiterou que qualquer bloqueio a missões humanitárias contraria tratados internacionais e compromete ainda mais a crise humanitária na Faixa de Gaza. O Itamaraty destacou que a situação é grave e exige atuação urgente da comunidade internacional para garantir o livre trânsito de ajuda a populações em situação de vulnerabilidade. O governo brasileiro pediu a remoção de todas as restrições impostas por Israel que dificultem o socorro à região.

A embarcação Madleen integra a Freedom Flotilla Coalition, iniciativa internacional de ativistas que organiza missões civis para Gaza desde 2010. A presença de Greta Thunberg e de Thiago Ávila chamou atenção mundial para a operação. O caso reacende o debate sobre o uso da força em ações militares israelenses e a criminalização de missões humanitárias em zonas de conflito.

Confira na íntegra a nota do Itamaraty:

O governo brasileiro acompanha com atenção a interceptação, pela marinha israelense, da embarcação Madleen, que se dirigia à costa palestina para levar itens básicos de ajuda humanitária à Faixa de Gaza e cuja tripulação, composta por 12 ativistas, inclui o cidadão brasileiro Thiago Ávila.

Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos.

Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante.

As Embaixadas na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível, em consonância com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 09/06/2025