Como forma de atenuar o impacto econômico da tarifa de 50% imposta por Donald Trump e em meio às incertezas sobre a possibilidade de negociação antes de sua vigência, o governo Lula trabalha também com alternativas de redução de danos, buscando fazer com que ao menos alguns itens da pauta de exportação não sofram com a nova alíquota.

Nesse sentido, o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, teria conversado com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, para tentar deixar de fora ao menos produtos alimentícios — como o suco de laranja e o café — e os aviões da Embraer.

No caso do suco, 95% da produção brasileira vai para o exterior, dos quais 42% para os Estados Unidos. Quanto ao café, de todo o montante exportado, 17% vão para os estadunidenses.

Sem citar o Brasil e nenhum outro país em específico, Lutnick disse, nesta terça-feira (29), que o governo cogita zerar a tarifa de produtos importados não cultivados em seu país, como café, manga, abacaxi e cacau.

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Já em relação à Embraer, os EUA são o seu principal comprador, respondendo por 45% das vendas de jatos comerciais e 70% das de jatos executivos. A empresa estima que a tarifa encarecerá em R$ 50 milhões cada avião. Com isso, o custo com as tarifas, somente neste ano, pode ficar em torno de R$ 2 bilhões.

Conforme noticiado, Chip Childs, diretor da Skywest — empresa que encomendou 74 avisões da Embraer para serem entregues até 2032 — afirmou que a companhia não pretende pagar 50% a mais sobre as aeronaves e que tem buscado uma solução para o problema.

Cartada alternativa

A retirada desses itens do tarifaço seria uma cartada alternativa para o caso de a tarifa ser mantida e aplicada a partir do dia 1º de agosto. No entanto, o governo brasileiro tem buscado, desde o anúncio feito por Trump, no início do mês, negociar com a Casa Branca — por ora, sem sucesso.

O governo estadunidense tem se mostrado intransigente quanto à possibilidade de diálogo, preferindo manter uma postura extorsiva sobre o Brasil ao colocar temas inegociáveis — como a soberania nacional e a interferência sobre o Judiciário para favorecer Jair Bolsonaro (PL) —, como condição para a negociação de âmbito comercial. A Casa Branca também tem atacado o Pix e pleiteado que não haja regulação sobre as big techs, além de ambicionar riquezas naturais, como as terras raras presentes no território brasileiro.

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É nessa encruzilhada que se encontro o Brasil. “O governo do presidente Lula não saiu da mesa de negociação, porque não conseguiu sequer sentar-se à mesa. Não temos com quem dialogar”, argumentou a ministra do Planejamento, Simone Tebet, em entrevista à GloboNews nesta terça.

Para ela, o foco central de Trump é, de fato, a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) — que tem tido uma atuação forte e independente tanto no processo da trama golpista quanto no que diz respeito aos abusos das big techs.

Na avaliação da ministra, “o governo Trump está sendo induzido ao erro por mentiras da família Bolsonaro”. Ela reforçou, ainda, que houve sim, no Brasil, um tentativa de golpe de Estado e defendeu que “os criminosos têm que estar — e vão estar — na cadeia”.

Com agências

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Last Update: 29/07/2025