O Brasil registrou em 2025 o maior número de pequenos negócios já contabilizados no país: 4,6 milhões de novos CNPJs até novembro, segundo dados do Sebrae.
A cifra representa uma alta constante na formalização via Microempreendedor Individual (MEI) — que respondeu por cerca de 77% de todas as aberturas — e reforça o peso dos pequenos negócios na economia brasileira, hoje responsáveis por quase 97% das novas empresas e por uma fatia relevante do PIB.
Boom no empreendedorismo formalizado
Segundo dados divulgados pelo Sebrae em 9 de dezembro de 2025, o Brasil registrou a abertura de 4,6 milhões de microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas entre janeiro e novembro — o que representa um salto de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior e torna 2025 o ano de maior criação de pequenos negócios da série histórica.
Desse total, a grande maioria é composta por MEIs (77%), seguidos por microempresas (19%) e empresas de pequeno porte (4%).
O setor de serviços lidera com folga a abertura de novos empreendimentos: até novembro, concentrou cerca de 64% dos novos registros. Na sequência vêm o comércio (≈ 21%) e a indústria (≈ 7%).
Em termos regionais, os estados com maior volume absoluto de novos pequenos negócios são os mais populosos e economicamente dinâmicos: São Paulo (≈ 29%), Minas Gerais (≈ 11%) e Rio de Janeiro (≈ 8%).
Entre os ramos econômicos com maior número de novos MEIs destacam-se: entregas e malote, transporte rodoviário de cargas e atividades de publicidade — um reflexo da demanda por serviços de logística, delivery e comunicação. Entre as micro e pequenas empresas, aparecem com relevância serviços de saúde, apoio administrativo e consultorias.
Oportunidades e fragilidades
O crescimento explosivo da formalização sugere que, para muitos brasileiros, abrir um pequeno negócio continua sendo uma rota estratégica — seja em busca de autonomia, de renda extra ou por ausência de alternativas no mercado de trabalho formal.
O momento econômico mais estável e as facilidades burocráticas podem estar contribuindo para esse movimento, mas existem motivos para cautela: o fato de a maioria dos registros ser de MEIs sugere que muitos desses “novos negócios” podem conviver com problemas como rendimento baixo, informalidade disfarçada, ausência de escala, vulnerabilidade a crises e alta mortalidade no médio prazo.
Além disso, o predomínio de serviços de baixa barreira de entrada (logística, entregas, consultoria, pequenas prestações de serviços) indica que o empreendedorismo que mais cresce no Brasil — por agora — não é necessariamente o que agrega valor, inova, industrializa ou gera empregos de qualidade e duradouros.
O dilema estrutural: quantitativo x sustentabilidade
Ter milhões de CNPJs abertos é um dado relevante e positivo — mas o grande desafio será transformar esse volume em empresas estáveis, produtivas e geradoras de emprego digno.
Sem apoio à qualificação, acesso a crédito, políticas públicas de incentivo à formalização robusta, capacitação e gestão profissional, há o risco de que muitos desses pequenos negócios se mantenham como “bicos registrados” — instáveis, vulneráveis, e com limitada contribuição social e econômica.