No Brasil, quase dois celulares são roubados ou furtados a cada minuto, totalizando quase um milhão de ocorrências registradas em delegacias de todo o país em 2023. Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pela Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Pela primeira vez, o número de furtos, que são subtrações sem o uso de violência, superou o de roubos, com 494.295 contra 442.999 casos, respectivamente. No total, foram 937.294 ocorrências registradas em delegacias brasileiras.
Apesar dos números elevados, houve uma redução de 4,7% nos roubos e furtos de celulares em comparação com 2022. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública destaca que o elevado número de ocorrências reflete a importância dos celulares na nova dinâmica dos crimes patrimoniais, tornando-os portas de entrada para outras modalidades delituosas em ascensão, como estelionatos e golpes virtuais.
A marca mais visada pelos criminosos foi a Samsung, com 37,4% dos casos, seguida pela Apple, com 25%, e pela Motorola, com 23,1%. Embora os iPhones representem apenas 10% do mercado nacional, eles estão envolvidos em uma em cada quatro subtrações de aparelhos. O Fórum ressalta que, proporcionalmente, os usuários da Apple correm mais riscos em comparação com aqueles que utilizam telefones de outras marcas.
Em 78% das ocorrências, os criminosos agiram em vias públicas, com os casos sendo mais frequentes durante os dias de semana, especialmente entre segundas e sextas-feiras, das 5h às 7h da manhã e entre 18h e 22h. Nos furtos, as vias públicas representaram 44% dos registros, seguidas de estabelecimentos comerciais/financeiros e residências, com 14% e 13% das ocorrências, respectivamente. Ao contrário dos roubos, os furtos de celulares são mais comuns nos finais de semana, concentrando 35% dos casos, especialmente entre 10h e 11h e a partir das 15h até 20h.
As cidades com as maiores taxas de roubo e furto de celulares são Manaus, Teresina, São Paulo, Salvador e Lauro de Freitas (BA). A taxa nacional é de 461,5 ocorrências por 100 mil habitantes, e entre as 50 cidades com maiores taxas, 15 estão no estado de São Paulo.
O anuário também revelou que os estelionatos superaram os roubos de rua, com 1.965.353 registros no ano passado, um golpe a cada 16 segundos, representando um crescimento de 8,2% em relação a 2022 e 360% em relação a 2018.
Houve queda nas seguintes modalidades de roubo entre 2022 e 2023: a estabelecimentos comerciais (18,8%), a residências (17,3%), a transeuntes (13,8%), de cargas (13,2%), de veículos (12,4%) e de celulares (10,1%).
David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que estamos testemunhando uma mudança de paradigma na criminalidade patrimonial no Brasil, com os celulares desempenhando um papel central. “O celular tem valor pelo aparelho e pelo acesso que proporciona a informações pessoais, bancárias e redes sociais. Esse fenômeno se aprofundou durante a pandemia e representa uma mudança significativa na dinâmica dos crimes patrimoniais”, explica Marques.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é baseado em dados fornecidos pelos governos estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civil, militar e federal, entre outras fontes oficiais de segurança pública.