O Brasil assume a custódia da representação diplomática da Argentina em Caracas, capital da Venezuela. Um pedido oficial do governo peruano com o mesmo teor continua pendente, mas o Brasil já sinalizou positivamente para aceitar a responsabilidade.

Os pedidos acontecem após a expulsão do corpo diplomático de sete países da América Latina de Caracas pelo governo de Nicolás Maduro. O presidente, declarado vitorioso pelo órgão eleitoral do país, recusou as acusações de fraude nas urnas e optou por afastar representantes daqueles países que ecoaram as alegações da oposição.

As representações expulsas são: Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.

No caso da Argentina, a expulsão de pessoal diplomático afeta também seis venezuelanos, que estão asilados na embaixada do país em Caracas.

Esses seis venezuelanos, ao que tudo indica, ficarão sob a custódia do Brasil, já que a diplomacia brasileira é quem cuidará, entre outras coisas, dos imóveis onde estão as representações argentinas e peruanas. O País fará também a guarda dos arquivos e documentação mantidos nessas embaixadas e consulados.

Pelo acordo, o governo brasileiro poderá, também, tratar de assuntos relevantes na Venezuela em nome das autoridade argentinas e peruanas. A bandeira brasileira já foi hasteada no prédio argentino.

Bandeira brasileira hasteada na sede da embaixada da Argentina, em Caracas.
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Situação semelhante aconteceu com a Suíça, que custodiou a embaixada dos Estados Unidos em Cuba.

Milei x Lula

A custódia brasileira acontece mesmo em meio a tensões entre o presidente argentino Javier Milei e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar da ausência de diálogo entre os dois políticos, as diplomacias do Brasil e da Argentina têm atuado para preservar as relações de Estado.

Pelas redes sociais, Javier Milei agradeceu a disposição do governo brasileiro em atuar no caso, relembrando os ‘laços fortes e históricos entre os dois países’.

“Agradeço imensamente a disposição do Brasil em assumir a custódia da Embaixada da Argentina na Venezuela. Agradecemos também a representação momentânea dos interesses da República Argentina e dos seus cidadãos”, anotou o político da extrema-direita.

“Hoje o pessoal diplomático argentino teve que deixar a Venezuela em retaliação do ditador Maduro pela nossa condenação da fraude que perpetraram no domingo passado. Não tenho dúvidas de que em breve reabriremos a nossa Embaixada numa Venezuela livre e democrática. Os laços de amizade que unem a Argentina ao Brasil são muito fortes e históricos”, completou.

No X (ex-Twitter), María Corina Machado, principal líder da oposição a Maduro, já havia agradecido a ajuda do governo brasileiro na proteção dos aliados que estão no local:

“Agradecemos ao governo do Brasil pela disposição em assumir a representação diplomática e consular da República Argentina na Venezuela, e a proteção de sua sede e residência, bem como a integridade física de nossos colegas asilados na referida residência”, escreveu.

No início da semana, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, fez um apelo a Maduro para que se evite uma invasão na embaixada Argentina, que poderia se transformar em uma catástrofe.

O Brasil, apesar de se manter em solo venezuelano, ainda não reconheceu oficialmente a vitória de Nicolás Maduro. O País integra o grupo de nações que esperam a apresentação das atas eleitorais para a recontagem de votos.

Segundo a oposição venezuelana, quem ganhou o pleito foi o ex-diplomata Edmundo González.

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Última Atualização: 01/08/2024