O Brasil anunciou nesta segunda-feira (6) a entrada da Indonésia como um membro pleno do BRICS, grupo formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China, com a África do Sul juntando-se ao bloco em 2010. O anúncio ocorre em um momento em que o BRICS busca ampliar sua influência geopolítica e o número de integrantes. Sob a presidência brasileira do grupo em 2025, a adesão da Indonésia marca um passo importante na tentativa de fortalecimento do Sul Global.

A candidatura da Indonésia recebeu aval durante a Cúpula de Joanesburgo, em agosto de 2023, quando os membros do BRICS decidiram, por consenso, apoiar o ingresso do país asiático. Segundo o Itamaraty, a aprovação seguiu os princípios e critérios estabelecidos em Joanesburgo para a expansão do quadro de membros.

A adesão da Indonésia também foi influenciada por mudanças na política interna do país. Prabowo Subianto, ex-general de 73 anos, assumiu a presidência indonésia em outubro de 2024 e declarou interesse em ingressar no bloco após as eleições presidenciais. Em declaração conjunta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil destacou que a Indonésia, maior população e economia do Sudeste Asiático, compartilha com os demais membros o apoio à reforma das instituições de governança global e contribuirá para aprofundar a cooperação multilateral no Sul Global.

“O governo brasileiro saúda o governo indonésio por seu ingresso no BRICS. Detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático, a Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global”, declarou a chancelaria brasileira em nota oficial.

O Ministério das Relações Exteriores em Jacarta também comemorou a adesão ao BRICS, afirmando que é um “passo estratégico para melhorar as colaborações e a cooperação com outras nações em desenvolvimento, com base no princípio de igualdade, respeito mútuo e desenvolvimento sustentável”. A Indonésia expressou ainda “gratidão à Rússia”, que presidiu o BRICS em 2024, pelo apoio na facilitação de seu ingresso.

Ampliação e disputas de influência global

A entrada da Indonésia ocorre em um contexto de sucessivas tentativas de expansão do BRICS. Em 2023, o bloco aprovou a adesão de seis novos países, incluindo Irã, Egito e Etiópia. Contudo, a Argentina desistiu de se unir ao grupo após a eleição de Javier Milei como presidente, substituindo Alberto Fernández.

No mesmo ano, o bloco iniciou discussões sobre a criação de uma nova categoria de países parceiros, com status inferior aos membros plenos, mas com possibilidade de participar de cúpulas e reuniões. Entre os países cogitados para essa categoria estão Cuba, Turquia, Tailândia, Nigéria e Argélia.

Especialistas em relações internacionais e economia divergem sobre os impactos da expansão do BRICS. Enquanto alguns veem a medida como um avanço geopolítico que fortalece a influência da China e da Rússia em oposição aos Estados Unidos e à União Europeia, outros questionam os benefícios econômicos imediatos. A própria entrada de países como Cuba revelaria que o BRICS não estaria em busca de vantagem econômica, mas de disputa de área de influência geopolítica.

Papel estratégico da Indonésia

A Indonésia, com sua posição estratégica no Sudeste Asiático e sua crescente relevância global, promete ser um membro influente no BRICS. Sua adesão reforça a narrativa do bloco em favor de uma governança global mais inclusiva e multipolar, em um contexto de rivalidades crescentes entre grandes potências internacionais.

Em nota, o governo indonésio destacou: “Esta conquista mostra o papel cada vez mais ativo da Indonésia em questões globais e o comprometimento em fortalecer a cooperação multilateral para criar uma estrutura global mais inclusiva e justa.”

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Last Update: 07/01/2025